Opinião

Opiniao 20 02 2017 3684

Para lidar com as grandes transformações – Luciana Campos*Convido você para uma viagem no tempo. Volte 10 anos e reflita sobre as seguintes questões: com que frequência você assistia a um vídeo? Como se comunicava com seus amigos? Quem publicava reportagens e notícias? Como era o acesso à Internet? E agora, nos dias atuais, você percebe alguma mudança?

Muitas, não é mesmo? As coisas se transformaram em pouco tempo e continuam mudando a uma velocidade impressionante. Hoje somos bombardeados por informações, fotos, vídeos, entre outras coisas. Mas quem está criando todos esses conteúdos? São profissionais ou aquele aluno sentado no fundo da sala de aula? Os criadores de conteúdos digitais podem estar em qualquer lugar e irão transformar a forma de se comunicar em pouco tempo. E com a educação não será diferente.

YouTubers, instagrammers e snapchaters estão ganhando fama, uma notoriedade que antes era exclusiva das celebridades. São pessoas anônimas, que, por meio da Internet, compartilham ideias e oferecem informações, não têm medo de se expor e são grandes influenciadores de opiniões.

Transportando para a sala de aula, é importante refletir: seu aluno tem espaço para ser um criador de conteúdo? Como a geração que está adaptada a curtir, compartilhar e publicar pode gostar de copiar textos no caderno?

Esse é o novo perfil de alunos em nossas salas de aula. E isso é ruim? Não! Isso é incrível, esses novos alunos têm sede de conhecimento e querem disseminar o que sabem. E aí entra o papel do novo professor, que deve incentivar a criação de conteúdos digitais dentro da sua sala de aula. Mas como fazer isso? Aí vão algumas dicas:

• Incentive o uso das redes sociais para compartilhar atividades e conteúdos;

• Solicite atividades ou tarefas que envolvam a criação de vídeo e/ou uso de fotos;

• Indique videoaulas para que os alunos possam estudar em casa;

• Incentive as pesquisas. Não tenha respostas prontas;

• Estimule atividades em grupos, que permitam a troca de ideias; e

• Crie grupos nos canais de comunicação, para que possam tirar dúvidas e debater assuntos importantes.

Já dizia o provérbio americano: “Se não pode derrotá-los, junte-se a eles”. Que tal usar seu conhecimento atrelado às dicas e transformar a criação de conteúdo em uma nova experiência também para seus alunos. Hoje a aprendizagem se torna muito mais significativa quando os alunos curtem os conteúdos, compartilham o que aprenderam e publicam suas ideias!  *Orientadora Educacional da Planneta, formada em Pedagogia pela Universidade Paulista – UNIP

As grades da indiferença – Tom Zé Albuquerque*A crise nos presídios no Brasil perdura, mas a mídia se calou, os governos estão fazendo de conta que não é com eles, a sociedade brasileira (como sempre) se mantém passiva e com espasmos de memória, pelo menos até a próxima hecatombe de derramamento de sangue.

É costumeiro ouvir da mídia, de autoridades e políticos no Brasil o termo “sistema carcerário” no trato da questão dos presídios; mas, na prática, o que se vê é cada ente empurrando o problema pra outra esfera ou outro flanco. A palavra Sistema se refere ao conjunto de elementos interdependentes que se interagem, ou quando unidades se coalizam para formação de um todo devidamente organizado, pela combinação de partes para a formação de um complexo completo. Portanto, tratar dos gravíssimos problemas que assolam o sistema carcerário no Brasil de forma isolada é um absurdo, pois, a prisão de um infrator é apenas a ponta da cadeia (sem trocadilhos).

O problema maior está na ausência de inserção das crianças e adolescentes em projetos sociais e integrais, multifacetados, evitando assim que esta faixa etária se torne o bandido de amanhã. Ora, segundo relatório do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (INFOPEN), divulgados pelo Ministério da Justiça, cerca de 56% dos presos são jovens com 18 a 29 anos, conquanto, eram crianças ou adolescentes há dez ou quinze anos atrás quando o PT assumiu o governo no país. A mesma pesquisa apontou a prevalência de baixa escolaridade entre os presos; algo sanável, se existissem escolas integrais que retivessem jovens e crianças em atividades curriculares; além de esporte, música, arte, cultura e tantas outras atividades complementares na preparação de pessoas de bem.

Aliás, a descontinuidade ou descaracterização do projeto CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) foi um dos maiores males sociais da história do Brasil. Tratava-se de um arcabouço educacional de autoria do antropólogo Darcy Ribeiro, implantado ao longo dos governos de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro (1983-1987 e 1991 e 1994), na implantação de ensino público de qualidade, em período integral, das 8h às 17h, aos alunos da rede estadual, abrangendo de forma intensa as crianças carentes de rua.  

Tecer comentários sobre a crise carcerária brasileira deve abranger o desestimulante modelo educacional vigente; o desemprego; a falta de perspectiva profissional; o desamparo estrutural às polícias; as condições precárias das delegacias no país; a falta de seletividade da tipificação do crime nos presídios; as obsoletas e bizarras leis brasileiras; o sistema jurídico lento, oneroso e, algumas vezes, parcializado; e, principalmente, a vergonhosa cultura de “levar vantagem” da sociedade brasileira. É incoerente, então, comparar o país do lava-jato com países como a Suécia e Holanda que fecham presídios por falta de presos; não se trata somente de ressocializar, carece também de aniquilarmos da cultura brasileira a máxima discrepante de que “O Crime Compensa!”.

Enquanto isso, os Direitos Humanos contratam advogados a granel para defender os encarcerados, em vez de agir na causa, dando cunho humanitário a partir das crianças e adolescentes que se inserem cada vez mais cedo no crime. Caberia também, de forma análoga e conexa, ofertar advogados a defender as pessoas de bem que sobrevivem encarceradas em seus lares, acuadas, assustadas sem conseguir manter seus bens e resguardar sua vida. Mas… quem mantém os Direitos Humanos?*Administrador

Reforma moral e ética também depende de nós – Luiz Carlos Borges da Silveira* A política é indispensável à governança, principalmente em democracias. Um bom e útil exercício da política é essencial, desde que desempenhado com honestidade, interesse social e patriótico pelos seus atores. No Brasil, para a maioria dos cidadãos a política é vista com qualificativos desabonadores. Porém, não é a política que não presta, são os políticos que por sua postura e por seu caráter pessoal a degradam cada vez mais. Manobras e negociatas estranhas à prática política sempre existiram e certamente continuarão a existir, mas em nosso país a deturpação vem crescendo preocupantemente até chegar aos episódios mais recentes que produziram os maiores escândalos de corrupção jamais vistos.

A Operação Lava Jato, que investiga os atuais esquemas de corrupção, acabou por revelar casos estarrecedores envolvendo parlamentares, gestores públicos e integrantes do governo mancomunados com empreiteiras de obras e empresas que mantinham contratos com o governo e com estatais.  Em resumo, são esses os políticos que desvirtuam a essência da política e se valem dos cargos públicos para proveito próprio.

Não será fácil promovê-la porque depende do caráter dos políticos e os que aí estão já provaram que dificilmente se emendarão. A busca desses envolve trazê-los à participação no cenário político. Todavia, sabe-se que a maioria dos cidadãos, especialmente a juventude, não participa porque tem essa visão negativa da política disseminada por todos esses escândalos e pelos maus políticos que precisam ser banidos através das urnas, a via democrática.

Com tudo isso exposto, concluo que: essa reforma moral e ética, tão necessária e urgente, depende também de quem vota. *Empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal

A vacina da ChikoKunha – Afonso Rodrigues de Oliveira*“A alegria evita mil males e prolonga a vida”. (Shakespeare)Você é uma pessoa alegre? Por que não? Por que prefere se preocupar com os males, do que com os bens? Para com isso. Conhece algum pretão como aquele ali na esquina? Ele está sempre deitado na grama quando eu vou pegar o jornal. Quando eu passo ele fica me olhando como se me cumprimentasse. E eu sempre o cumprimento. Ele é um autêntico morador de rua. E o que é que eu tenho a ver com isso? Com certeza a vida que ele leva é uma escolha dele. E é precisamente isso que eu devo respeitar. Eu e você.

Você já prestou atenção ao seu cachorro latidor? Ele late pra dedéu, e você em vez de prestar atenção ao que ele quer lhe dizer, fica gritando com ele e, muitas vezes, xingando-o. E ele não está nem aí pra sua incompetência em não entendê-lo. E não estou falando desse cachorrinho acariciado que você fica o dia todo beijando-o, como se ele fosse seu filho. Estou falando desse cara que fica dias e noites latindo em vigília à sua casa, e você nem lhe agradece. Procure observar as coisas interessantes que ele faz durante o dia. Como ele age com você e com as outras pessoas da família, se for você quem cuida dele.

Meu filho tem um casal de cachorros. A Tatá e o Sansão. E adivinha quem cuida deles? Você concluiria se visse o carinho com que eles me tratam. Mordem meus dedos das mãos, dos pés, e sujam toda a minha calça. É a maior zorra. E tudo como uma demonstração de carinho. Quando os xingo de cabeças-de-camarão, eles ficam sorrindo pra mim. Você é capaz de distinguir o sorriso de seu cachorro? Aprenda. É legal pra dedéu. E não adianta você ser grosseiro com ele, porque ele só leva em conta o que você lhe faz de bom e de bem. O que precisa ser considerado para que você seja superior a ele, enquanto na sua posição de “racional”. Ligue mais pra ele. Até mesmo os moradores de rua merecem nossa atenção. E é com nossa atenção que aprendemos que devemos os respeitar, mas sem familiarização.

Sábado pela manhã, o Magno comprou duas coleiras, colocou-as no casal, e os levou para a vacinação, só não sei contra o quê. Eles saíram de casa muito assustados. Eu só soube depois que, não se sabe como, a Tatá conseguiu escapar da coleira e saiu disparada, pela rua, rumo à nossa casa. Mas foi recapturada e vacinada. E foi aí que descobriram que ela estava na iminência de cio. E aí a jiripoca piou. Chegando a casa, ela foi presa no canil e o coitado do Sansão passou todo o sábado resmungando no portão do canil. E você precisava ver a cara de tristeza da Tatá, com os gemidos do Sansão. Pense nisso.*[email protected]