Opinião

Opiniao 19 10 2017 4996

Professor: pai e mãe de todas as profissões – Flamarion Portela*

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. A frase de Paulo Freire resume um pouco o papel daquele que pode ser considerado o pai e a mãe de todas as profissões: o professor. Sem ele não existiria o médico, o advogado, o jornalista ou qualquer outra profissão que depende do aprendizado e do conhecimento para sua formação.

Infelizmente, não obstante toda sua importância na formação da sociedade, não vemos o verdadeiro reconhecimento desse profissional.

Afora todas as suas lutas diárias, todo o seu empenho e dedicação, percebemos uma grande desvalorização do professor, com salários defasados, falta de incentivo e de boas condições de trabalho.

Para ter o mínimo de condições de sobrevivência, acaba tendo de se dedicar a dar aula para diversas turmas, em mais de uma instituição de ensino, gerando para si um esgotamento físico e psicológico, que sempre acarreta em problemas mais sérios de saúde. Isso, sem contar a falta de estrutura adequada na maioria das escolas e, muitas vezes, falta de interesse dos próprios alunos.

Mas, independente de toda essa problemática, o professor continua ali, dedicado, preocupado com a situação de aprendizado dos seus alunos, buscando formar pessoas capazes de mudar a si mesmos e o mundo, porque o educador de verdade não trabalha pelo salário, reconhecimento social ou status profissional.

Uma reportagem da BBC Brasil, publicada esta semana no site de um veículo de comunicação inglês, mostrou quatro desafios e três avanços na rotina do professor brasileiro.

Entre os desafios estão a violência em sala de aula; a desvalorização da carreira – financeira e socialmente; a formação que não prepara para a aula; e a defasagem e indisciplina dos alunos.

A maioria dos profissionais aponta que a violência na sala de aula é consequência do abandono da escola pública, com superlotação de salas de aula e enxugamento do quadro de funcionários. Já a desvalorização se configura da ausência de planos de carreira, defasagem salarial e formação deficiente.

Mas, também existem avanços que têm contribuído para a melhoria da rotina do professor, como a tecnologia a serviço da sala de aula; o compartilhamento de boas práticas; e mais possibilidades de formação.

Cada vez mais vemos exemplos de professores que se utilizam das novas tecnologias para melhorar o desempenho dos seus alunos em sala de aula. A tecnologia também tem proporcionado uma melhor formação para os professores, com o advento de cursos gratuitos pela internet.

Precisamos acima de tudo, valorizar o professor enquanto cidadão formador de conhecimento, respeitando sua profissão em sua plenitude.

Deixo aqui meus parabéns a todos os educadores de Roraima pela passagem do seu dia, 15 de outubro.

*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

CLUBE 99 – Vera Sábio*

Há algum tempo, ouvi uma lenda árabe que relata a realidade existente, pela qual muitos perdem a vida, a alegria, a família e tantas coisas boas, atrás do 100.

Conta-se que um rei pleno de riquezas vivia triste e não entendia o porquê que seu serviçal que não tinha quase nada, varria o chão cantarolando e transmitindo alegria.

Intrigado pela condição do serviçal, o rei interrogou seu melhor conselheiro que lhes disse que seu serviçal era feliz, pois não fazia parte do clube 99. Então o conselheiro pediu que o rei colocasse uma mala com 99 moedas de ouro na casa do serviçal e verificasse o resultado.

A felicidade do serviçal foi imensa ao encontrar a mala; porém ao verificar que não havia 100 moedas e sim 99, sua alegria acabou.

Alguém neste momento pode perguntar:

-Mas como assim? Um pobre serviçal com 99 moedas estaria bem rico e poderia fazer muitas coisas que antes não conseguia pela falta de dinheiro. Passearia com a família, alimentaria ela com mais fartura, poderia estar junto a ela por mais tempo, conseguir um emprego melhor ou abrir o próprio negócio, etc.

No entanto enquanto o serviçal não tinha nada, não se preocupava, não era ansioso e vivia em paz o que lhe dava muita alegria. Todavia ao perceber que poderia ter ganhado 100 moedas e somente ganhou 99 perdeu a paz de espírito e queria trabalhar desesperadamente para conquistar a moeda que não ganhou, e mesmo tendo-a, isto já não bastaria mais para sua felicidade. Pois a busca por mais e mais era constante, lhe afastando dos familiares, não lhes dando tempo para nada e sempre o fazendo correr sem descanso.

Esta realidade é diversas vezes verificada nos ambiciosos que ajuntam muito mais do que conseguem gastar, destruindo a moral, a paz, o caráter e tantos bens que o dinheiro jamais compra.

“A paz no mundo começa em mim, se eu tenho amor com certeza sou feliz”.

A letra desta música e o que nos falta para sairmos do clube 99 e voltarmos ao equilíbrio mental e físico capaz de nos proporcionar paz, a única busca verdadeira de cada um; que supre e leva a todas as outras.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cegaCRP: 20/[email protected]

Viver a vida – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Acreditai, talvez, ser fantasia.Eu vos direi que não.Em certo dia… Quando ela entrou na festival capela, Eu vi a virgem mergulhada em prantos,E o Cristo de marfim fitá-la tanto,Como se fosse apaixonado dela.” (Hermeto Lima)

Se você acredita que Deus criou o homem, tem que acreditar que Ele criou, logo em seguida, a mulher, como correção. E só corrigimos erros. E como Deus não comete erros, nos consolou com a nova criação. E foi aí que o mundo começou já num vendaval de disputas. E se isso é bom ou mau cabe a cada um de nós, analisar e julgar. Mas será que temos preparo para o julgamento? Sei lá. Mas vamos em frente. A vida só é ruim para aqueles que não sabem viver. E quem não sabe viver é porque não tem inteligência racional. E por isso fica pondo na vida a culpa por não saber vivê-la. Simples pra dedéu.

Mas vamos falar sério. Como é que o homem ainda pode ser tão despreparado para ficar julgando a mulher como um ser inferior a ele? O cara ainda não aprendeu que todos os desmandos na Terra têm ocorrido por desmandos mentais do homem. E por incrível que pareça, as mulheres ainda se aborrecem quando alguém diz que por trás de todo grande homem tem sempre uma grande mulher. Que é que é isso, dona? O problema é que enquanto você fica se perdendo nesse pensamento mesquinho, vai dirigindo o homem por veredas ínvias. Porque é inspirado em você que ele faz tolices pensando que está agradando você. Logo, quem dirigiu o cara?

Vamos lá. Imagine como seria o mundo, se é que ele existiria, se não houvesse a mulher para dirigir o homem. E o mais importante é que você fique por trás, para ele continuar pensando que é ele quem manda. O disfarce tem muita força. Pare de se aborrecer e tentar ser o que você já é e não sabe que é. O Adelino Fontoura escreveu essa pra você: “E, quando os olhos pra o céu levanta, inundado de mística doçura, nem parece mulher, parece santa.” Porque é assim que o homem vê a mulher. O problema é que ele não sabe disfarçar inteligentemente.

Pare de espernear e valorize-se no que você realmente é. Quando realmente somos não precisamos dizer que somos. Quando sabemos viver, sabemos que somos todos iguais nas diferenças. Então por que se preocupar com as diferenças? Elas fazem parte da evolução humana. Não podemos, porque não há como, caminhar pelo mesmo caminho. Cada um tem que buscar seu próprio caminho de acordo com sua evolução. Valorize isso sabendo que o reino de Deus está dentro de você. Cabe a você saber administrar o seu reinado. E a simplicidade é o maior cartão de visitas. Ninguém é superior a você nem você a ninguém. Pense nisso.

*[email protected]