Opinião

Opiniao 18 08 2018 6763

Perdas Financeiras – Flávio Melo Ribeiro*

Durante vinte anos, um empresário acumulou riquezas, mas não desfrutou tanto quanto seus filhos. Estes sim eram ricos: viajaram, hospedaram-se em bons hotéis e pagaram camarote para os amigos nas baladas. Bem como sua esposa também soube usufruirda riqueza e diferenciou dos anos de privações no início do casamento. Por muitos anos o empresário viveu diferente da sua família, por mais que acumulava, vivia com poucos recursos. Só usufruiu o que construiu porque sua esposa organizava as férias, as festas e os finais de semana quando estava em casa. Seu foco sempre foi o trabalho. E por que viveu assim? Para fugir da pobreza e não para se tornar rico. Assim o fez, seguindo o que escutou na infância:“caso não estudasse ficaria com subemprego”.

Diante dos outros se apresentava mais como o que possui bens do que pela sua pessoa. Ficava inseguro diante de pessoas com mais posses, sentia-se diminuído diante da maior parte dos amigos. Mesmo escutando que ele era uma excelente pessoa e percebendo que as pessoas gostavam dele, não conseguia acreditar e utilizava a riqueza como escudo social. Até que veio uma crise financeira, não conseguiu segurar os negócios e faliu. Foi um golpe tão duro que sua personalidade ruiu e consequentemente perdeu o equilíbrio emocional. A esposa entendeu a situação e procurou consolar o marido, mas ele como empresário sentiu-se fracassado e pessoalmente não se via encarando os amigos sem seu escudo social.

Não aceitou sua nova realidade, a única forma que se via era alicerçado no dinheiro e para salvar sua personalidade quis interromper o seu processo de pobreza e viu no suicídio uma forma de salvar-se. Uma forma equivocada, pois além de não resolver seus problemas, só virá mais à tona o motivo que o levou a cometer esse ato. Mas no desespero essa atitude aparece como alternativa. E infelizmente essa escolha ainda é bastante comum.

Nesse tipo de problema o processo de psicoterapia vai trabalhar a ressignificação do passado, compreendendo como foi sua educação e valores morais que trouxe para tomar as decisões em sua vida e mostrar a importância de construir o seu “Ser” mais do que o “Ter”. A riqueza precisa ser uma consequência da construção saudável do seu Ser e não uma fuga e um escuto contra a pobreza. Dessa forma a psicoterapia possibilitará o paciente tomar um outro ponto de vista sobre sua vida e voltar a construí-la.

*PsicólogoCRP12/00449 E-mail:[email protected], Contato: (48) 9921-8811 (48) 3223-4386

Concluintes do Ensino Médio: diminuição ou novos caminhos? – Ronaldo Mota*

O número de concluintes do Ensino Médio Regular em 2017, algo em torno de 1 milhão e 780 mil, é 2,6% menor do que o de 2016, 1 milhão e 830 mil, aproximadamente. De fato, são números assustadores em si, porém, não é tão simples indicar que eles, isoladamente, impliquem em retração inevitável de interessados em Educação Superior nos próximos anos. Claro que o desejável seria termos um crescimento contínuo e substantivo de jovens se formando naquele nível, no entanto, há outros fenômenos ocorrendo simultaneamente e que devem ser levados em conta.

No dia 05 de agosto foi aplicado o Exame Nacional para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA), quando 1 milhão e 340 mil inscritos, número 7,6% maior do que no ano anterior, visam a obtenção do diploma de Ensino Médio. Parte significa deles declara a expectativa de, posteriormente, pleitear vagas no Ensino Superior. Assim, é possível observar que a diminuição de formandos no Ensino Médio Regular é compensada pelo incremento, mais do que o dobro de um ano para outro, de potenciais postulantes vindos por um outro caminho.

Duas observações preliminares sobre o ENCCEJA. Primeira, o exame é constituído basicamente por estas partes: matemática; ciências da natureza e suas tecnologias; linguagens e códigos; redação; e ciências humanas e suas tecnologias. Segunda, o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) até 2016 possibilitava o recebimento de diploma do Ensino Médio, sendo que mais de 1 milhão de postulantes ao ENEM atestavam ter tal objetivo como requisito essencial para o ingresso no nível superior.

Assim, parte da dinâmica de interesses e opções acima parece estar associada ao relativo e crescente desinteresse dos jovens pelo Ensino Médio Regular na forma que ele é hoje. No passado, os postulantes do ENCCEJA e de seus exames predecessores eram basicamente pessoas maduras que haviam perdido a oportunidade de estudar quando na idade apropriada. Contemporaneamente, é crescente a quantidade de jovens que preferem aguardar completar 18 anos para, via caminhos alternativos, testar seus conhecimentos e, se aprovados, obter seus certificados.

Interessante observar que, pela primeira vez, é significativo e crescente o percentual de candidatos ao diploma de Ensino Médio que consegue acesso ao conteúdo do exame via outras formas, que não a escola tradicional. Atualmente, há várias iniciativas inéditas e estão disponíveis um conjunto de atraentes portais educativos de qualidade, parte deles gratuitos e os demais acessíveis a baixos custos. Tais caminhos se mostram cada vez mais interessantes àqueles que expressam compatibilidade com metodologias e tecnologias que permitem ao educando aprender o tempo todo e em qualquer lugar.

Não deve surpreender a ninguém que acompanha os processos educacionais no Brasil o fato de que, em poucos anos, o número de matrículas do Ensino Superior na modalidade a distância superará o correspondente no presencial. Da mesma forma e mais enfaticamente ainda, quanto às crianças e os mais jovens, sempre que eles tiverem a opção de explorar novas abordagens educacionais, desde que demonstrem mais compatibilidade com as formas segundo as quais eles vivem, trabalham e se relacionam com amigos e família, parte deles assim procederá.

São fenômenos complexos e com variáveis múltiplas. Portanto, na tentativa de simplificá-los, corremos o risco de gerar interpretações equivocadas ou demasiadamente parciais. Porém, parece inequívoco que, em geral, a tendência aponta para um sucesso educacional relativamente maior via a adoção progressiva de metodologias híbridas e flexíveis. Ou seja, a partir da incorporação apropriada de tecnologias digitais, é possível propiciar um ensino personalizado, mais atraente e eficiente. Desta forma, temos a oportunidade de cumprir com os objetivos de uma educação de qualidade para muitos, propiciando que todos estudem, desde que atendendo à indispensável customização que leva em conta o fato de que cada educando aprende de maneira pessoal e única.

*Chanceler da Estácio

O peso da culpa – Oscar D’Ambrosio*

Não há maior condenação para uma pessoa do que não conseguir conviver com a própria culpa. Com enorme peso no universo judaico-cristão, essa palavra se aplica perfeitamente ao filme ‘1945’, de Ferenc Török. Tudo começa quando, no contexto do final da Segunda Guerra, dois judeus húngaros retornam a um vilarejo com duas enormes caixas.

A intenção deles, um senhor idoso e um jovem, e o que está dentro delas desperta as mais variadas reações. A maioria é motivada pelo senso de culpa e pela forma como os judeus foram denunciados por moradores daquela cidade aos nazistas. A palavra “vingança” é utilizada
por muitos como motivo daquela presença inesperada.

Em meio a isso tudo, o todo-poderoso do vilarejo está prestes a casar o seu filho com uma moça que gosta de outro homem. As infelicidades se mesclam e ampliam com as mágoas de uma esposa não desejada sexualmente pelo marido e de um homem mortificado por ter levado os judeus a perderem objetos, casas e as próprias vidas.

As cenas da carroça levando as caixas em meio a imensos espaços vazios, dos judeus caminhando sem falar com ninguém e das consequências dessa chegada na comunidade constituem um painel de silêncios, medos, receios e interrogações em que as pessoas perdem a si mesmas pelos seus pecados, passos em falso cometidos pelos mais variados motivos, geralmente pouco ou nada justificáveis.

*Mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Mentes claras – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Não é suficiente ter uma boa mente: o principal é usá-la bem.” (René Descartes).

Seu poder está na sua mente. Somos o que pensamos. Uma realidade pouco entendida. Quando não confiamos na nossa mente, não podemos realizar, senão dentro dos limites da mente limitada. Confie em você para que possa desfrutar da confiança dos outros. Ninguém vai confiar em você, sabendo que você não confia em você mesmo. Simples pra dedéu. Mantenha sua mente caminhando por veredas claras. Não perca seu tempo pensando nem agindo de modos negativos. Por que perder tempo com coisas e acontecimentos tristes? A felicidade está na sua mente. E não é rindo das tristezas dos outros que demonstramos nossa alegria. O importante é que entendamos que tristeza e alegria fazem parte da vida.

As águas vão rolar. Elas só param com o nivelamento. Se inclinar elas descem. Assim é nossa mente. Ela precisa de equilíbrio para nos manter equilibrados. E só você tem o poder de manter sua mente equilibrada no patamar desejado. E quem tem mente equilibrada deseja o patamar superior. E como sabemos que a terra é redonda, sabemos que nunca vamos alcançar o patamar superior; porque, mesmo que não percebamos, nunca estamos subindo, mas caindo no espaço. Somos todos astronautas. Poucos sabem que no dia do seu aniversário, estão completando mais uma volta em volta do Sol.

Aprimoremos nossas mentes. Cuide de sua mente como seu maior poder em você mesmo, ou mesma. Olhe pra dentro de você mirando-se nos seus pensamentos. São eles que levam seu recado ao seu subconsciente. E este é a maior força que você tem. Ele é capaz de fazer tudo por você. Desde que você saiba lhe dizer o que realmente quer. E por isso nunca lhe diga o que você não quer e sim o que você quer. Alguém já nos disse que noventa por cento das pessoas que são assaltadas nas ruas, são exatamente as que saem de casa se benzendo para não serem assaltadas. Quando você pensa firmemente numa coisa, mais cedo ou mais tarde ela vai acontecer. Aprimore sua mente pensando e acreditando nisso.

Já sabemos que nossas vidas são um eterno ir e vir. E nosso aprimoramento depende de nós e de mais ninguém. A realidade é que aprendemos mais conosco mesmo do que com o que nos ensinam. Mas, só quando sabemos buscar os ensinamentos em nossos pensamentos positivos. E é essa simplicidade que torna difícil às mentes preguiçosas acreditarem no poder que elas têm em si mesmas. Mentes pobres estão mais ligadas ao negativo do que ao positivo. Elas ficam o tempo todo envolvidas com notícias negativas, do que com positivas. Para elas a vida é um pandeiro sem fundo. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460