Opinião

Opiniao 18 04 2018 6034

DIREITOS DA CRIANÇA AUTISTA

Dolane Patrícia*

O Autismo é um assunto ainda desconhecido para muitos. Trata-se de um problema de adequação que pode se manifestar por toda a vida. Segundo o site autismoevida.org, “é incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino, encontrado em todo o mundo e em famílias de todas as raças e étnica, independente da classe social a que pertença”.

O Autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista, é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) que tem influência genética e é causado por defeitos em partes do cérebro.

Entretanto, ainda não foi possível provar a causa psicológica no meio ambiente, das crianças que possuem a doença.

O Ministério da Educação estabeleceu diretrizes para que a criança autista esteja integrada no ensino regular, assegurando o atendimento às necessidades educacionais específicas e o valor desse atendimento deve integrar a planilha de custos da instituição.

A primeira vez que ouvi falar sobre pessoas autistas foi através do antigo filme de nome Rain Man, que contava a história de um jovem que sofria o transtorno do autismo, estrelado por Dustin Hoffman (Raymond), que chegou a ganhar o Oscar de melhor ator. Ele gostava de seguir sempre as mesmas regras, comer sempre as mesmas coisas, seguia tudo o que as pessoas falavam ao pé da letra e possuía deficiência na comunicação. O filme chamou a atenção do mundo para o Autismo.

Atualmente o assunto só é visto quando alguns amigos postam nas redes sociais publicações sobre o tema ou através de pesquisas pessoais sobre o assunto, no mais nem se houve falar…

Outro aspecto relevante é a cor azul, escolhida como sendo a cor do Autismo, pelo fato de ser uma doença que assola mais meninos do que meninas.

No Brasil, existem mais de 2 milhões de pessoas com autismo. Nos Estados Unidos, os números atuais mostram que existe 1 em cada 28 crianças autistas e 1 em cada 25 meninos são autistas.

A Lei 12.764/12 assegura aos autistas os benefícios legais de todos os portadores de deficiência, que incluem desde a reserva de vagas em empresas com mais de cem funcionários, até o atendimento preferencial em bancos e repartições públicas.

No entanto, sinto falta de políticas públicas voltadas às pessoas com autismo em nosso Estado. É uma causa nobre que muitos poderiam abraçar. Até porque quando se fala em criança, a maioria das pessoas sempre procura uma forma de ajudar, seja pelo fato de ser vulnerável, seja pelo fato de que as crianças são lindas mesmo, independe da sua situação psicológica.

Assim sendo, poucos possuem conhecimento sobre as questões que envolvem crianças autistas. O tratamento é caro e poucos países investem em políticas públicas que venham beneficiar crianças portadoras dessa doença.

A criança com autismo se isola das pessoas, foge do olhar e da voz dos outros, sobretudo quando se fala diretamente com ela.

Além disso, tanto os pais quanto os professores e até mesmo pessoas da família, devem procurar falar especificamente o que quer expressar, em razão da forma real com que o autista vê o mundo. Podemos tomar como exemplo a frase: Pendure ali! A criança não consegue interpretar o que você realmente quer dizer, assim, melhor dizer expressamente: “pendure suas roupas no cabide ao lado da porta”.

Talvez alguém até identifique um comportamento assim do seu próprio filho em algum momento, é preciso em todo caso estar atento, porque o autismo não é fácil ser diagnosticado, assim como seu grau de desenvolvimento.

Dessa forma, seja qual for o nível de domínio que você acha que tem da sua língua materna, ele será seriamente posto à prova pela forma literal de pensar de um autista.

“Você será sempre levado ao pé da letra, como jamais foi antes. Para as crianças com autismo, com seu pensamento concreto e visual, suas habilidades associativas e, no caso de muitas delas, seu vocabulário limitado, as imagens geradas por algumas expressões idiomáticas comuns e outras figuras de linguagem devem ser bastante perturbadoras. Você está com bicho-carpinteiro? Está com frio na barriga? Mexeu em vespeiro? O gato comeu sua língua? (Autismo no Brasil).

Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos, assim sendo, a luz incomoda, assim como várias pessoas falando ao mesmo tempo e além de possuir dificuldade de concentração, preferem estar sempre com os pés descalços.

Agora imaginem uma criança que é autista e os pais ainda não detectaram. Qualquer um de nós pode ter um filho, parente ou mesmo ser professor de uma criança autista e de repente descobrir que ignorou os sintomas durante anos por falta de conhecimento.

Precisamos estar atentos e conhecer mais sobre o tema. Talvez aquela criança que tem dificuldade de se vestir só, ou seleciona muito os alimentos, insiste em não calçar os sapatos e arranca os botões das roupas, não o esteja fazendo por birra, e sim porque é Autista… só que ninguém percebeu.

*Advogada, juíza arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Acesse dolanepatricia.com.br – whats 99111-3740

 

Por que buscar lá fora?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é um banquete maravilhoso e a maioria dos idiotas continua morrendo de fome”. (Leo Buscáglia).

O vento produz um som maravilhoso nas folhas do meu jambeiro. E quase sempre alguém comenta: “Nossa… que barulho gostoso”. Não consigo me lembrar de como era o mundo há três mil anos. Mas acho que eu já sabia distinguir entre o som e o barulho. Questão de observação e sensibilidade. E sensibilidade é o que estamos perdendo num ritmo cada vez mais acelerado. Já sentimos falta do barulho como se ele fizesse parte indispensável do nosso dia a dia. Mas não é bem assim. O silêncio faz parte do bem-estar. E o silêncio pode estar no som. Como já não suportamos mais o silêncio, também já não suportamos mai
s do som sonoro. Produzimos músicas barulhentas na crença de estarmos produzindo o som das folhas.

Acordei um pouco mais tarde, pela manhã. Era um domingo simplesmente maravilhoso. Desses domingos que a gente deve viver com intensidade, amor e felicidade. O som nas folhas me trazia uma tranquilidade já necessária e desejada. Embebi-me no silêncio e viajei por onde eu não podia ir, no momento. Olhei para além do meu portão e no telhado do vizinho vi, na imaginação, a Praia de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Segurei o pensamento e explorei toda a pequena extensão da maravilhosa e paradisíaca Praia da Cigarra. Sentei-me naquela pedra e contemplei a imensidão do mar. O silêncio era um manto protetor dos meus sonhos. Era como se ele não permitisse a penetração do barulho vindo da rua. Tudo se resumia a um momento de sonho acordado. E eu sabia disso mesmo sonhando. Acordei com o grito daquela mulher chamando o filhinho de filho do que não sei se ela é. Mas não me aborreci. Os minutos de sonho foram suficientes para me fazer ver com os sentimentos.Acordado a coisa se torna mais cruel. Mas dura de digerir. O grito daquela mulher xingando o filhinho, me trouxe à realidade em que vivemos. Um desencanto na contramão. Por que não conseguimos absorver o momento que vivemos e insistimos em transformá-lo em momentos já vividos? Por que não procuramos educar os filhos para as transformações que vamos viver em breve? E porque não percebemos isso, vamos criando desajustados que não conseguirão viver o mundo, enquanto viverem nele. Estamos preparando os novos discriminados do futuro.

Que música seu filho ouve, que livro lê, que filme vê e a que assiste no teatro? Se é o que você quer pra ele, cuide melhor dele. Crie-o para o mundo dele, que certamente vai ser mais exigente do que o seu, independentemente das aparências que enganam você. Pense nisso.

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