Opinião

Opiniao 16 08 2017 4590

Cyberbulying – você já foi vítima? – Dolane Patrícia*Era uma belíssima tarde, uma adolescente linda, referência de beleza em Boa Vista, jamais alguém poderia imaginar que estava sendo vítima de um tipo de bullying ainda pouco divulgado, o Cyberbullying. Começou narrar seu problema com redes sociais, “chegou ao ponto de minha mãe procurar a polícia”. E continuou narrando: “não eram meus amigos, só amigos de amigos e estavam postando coisas na rede social no “twitter” pra todo mundo ver. Meus amigos acabaram vendo e me falando as ofensas. Começou porque esse grupo não gosta de mim, usavam palavras baixas e jogavam indiretas. Até depois quando minha mãe foi falar com o rapaz que me ofendeu, ele disse: “não tem como provar que sou eu” e também disse que as ofensas eram para mim mesma, ele até apagou depois de tudo. “Meu comportamento mudou porque isso me abalou profundamente, era como se vivenciasse um pesadelo onde não era possível acordar.”  Xingamentos nas redes sociais é crime! Ofensas na internet podem ser julgadas como injúria, calúnia e difamação, assim como qualquer outro crime, inclusive xingamentos e violações de privacidade publicadas via Twitter e Facebook,  cyberbullying, apesar desse tipo de ofensa ainda não ter uma legislação vigente, o agressor pode ser processado sim. A Justiça brasileira julga da mesma forma que comentários feitos em qualquer outro lugar. Todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo, que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, constitui crime. As penas aumentam em um terço na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria”, como é o caso da internet. Caso se sinta ofendido com alguma publicação na internet pode-se fazer uma notificação ao prestador de serviço do conteúdo das redes sociais, para que o conteúdo ofensivo possa ser retirado do ar, tomando-se o cuidado de preservar o maior número de provas, o que pode ser feito apertando a tecla “print-scrn”, ou seja, aperte a tecla e em seguida abra uma nova página e cole, ali estará salvo na íntegra tudo que estiver na página, mesmo que a pessoa tenha deletado. Muitas ofensas são anônimas, entretanto, ocultar o nome na internet não garante o anonimato perante a Justiça. Com os dados do IP da máquina de onde partiu a ofensa, fornecidos pelo provedor da conexão, é possível localizar o autor de um comentário. A internet é um sistema que deixa rastros, então é muito fácil rastrear de onde veio aquela comunicação ou onde foi o acesso daquela conversa. Registrada a denúncia na delegacia, a primeira providência adotada pela Justiça é o pedido de quebra de sigilo de e-mail ou de endereço eletrônico (imprescindível possuir o link da publicação). Um meio que é muito utilizado para prática desses crimes nas redes sociais é a criações de FAKES. Usuários da internet que usam perfis falsos em redes sociais ou e-mails. O Cyberbullying é a “Intimidação Vexatória” atos de violência psicológica, intencionais e reiteradas. Veja o que diz no artigo 307 do código penal: FAKE – Art. 307 (falsa identidade) do Código Penal em vigor – Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem. Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. “A primeira conduta é atribuir-se ou atribuir a outrem a falsa identidade, ou seja, fazer-se passar ou a terceiro por outra pessoa existente ou imaginária. Identidade, no sentido natural, é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: nome, idade, estado, profissão, qualidade, sexo, impressões digitais defeitos físicos, etc. Muitos internautas usam as redes sociais para zombar de um defeito, ou criar situações vexatórias que humilhem determinada pessoa. Ocultar o nome na internet não garante o anonimato perante a Justiça. Os fakes nada mais são do que pessoas que se escondem atrás de personagens. Muitas vezes se trata daqueles que não têm coragem de dizer o que pensam utilizando a sua própria identidade. Existe a necessidade de dizer que perfil falso é crime! Entretanto, o cyberbullying, bullying pela internet, é praticado por pessoas que ofendem outras de forma que não o fariam com seu próprio perfil. No caso da adolescente, vítima de Cyberbullying de nossa história real, ela termina sua história dizendo: “eu contei pra minha mãe, ela procurou a polícia, meu comportamento mudou, porque fiquei muito triste com tudo isso… Mas passou! Agora é esperar que a justiça faça a sua parte!”.*Advogada, Juíza Arbitral, mestranda em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela UFRR acesse: dolanepatricia.com.br

Os plantadores – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Há os que plantam a alface para o prato de hoje, e os que plantam o carvalho para a sombra de amanhã.” (Rui Barbosa)Foi o então nosso professor, Alpheu Tersariol, no curso Barão, em São Paulo, em 1968, que nos leu essa frase do Rui Barbosa. Uma mensagem que não devemos esquecer, nunca. Quando não damos importância ao ensinamento importante não estamos plantando; apenas seguindo rumos que nem sempre devem ser seguidos. O que estamos plantando para o nosso futuro que será vivido pelos nossos descendentes? Porque mesmo vivido por eles, nos pertence. Porque serão nossos descendentes que dirão, e mostrarão, ao mundo deles, o que nós fomos no nosso mundo. O que plantamos no que plantamos? Alface ou carvalho?

Somos o que pensamos, todos sabemos disso embora não levemos isso em consideração. Ainda não aprendemos que somos o que pensamos, mas nem sempre somos o que pensamos que somos. E é aí que mora, reside e está o maior erro que cometemos quando extrapolamos no que fazemos. Somos racionais, sim. Mas ainda somos tidos como meros animais racionais, quando na verdade somos animais de origem racional. Apenas de origem.

A tarefa de preparar a sociedade futura nunca foi fácil. E talvez por isso, nunca acertamos. Como seres humanos, somos mais inclinados ao negativo. Acreditamos mais no negativo do que no positivo. E por isso vivemos a vida toda nadando em águas turvas. Há um grande escritor que nos chama a atenção para esse detalhe. Se você chegar a casa e disser para sua esposa que você assistiu a um acidente terrível ali na esquina, ela vai acreditar e ficar chocada. Mas se você lhe disser que assistiu a uma cena linda, num espetáculo de rua, ela nem vai olhar pra você e responder:

– Ah, foi, é?

Mudando de assunto, lembrei-me da piada que um amigo aposentado da marinha me contou. O cabo da marinha que fazia décadas que não era promovido. Até que um dia a marinha resolveu promovê-lo a sargento. Ele chegou a casa e ficou caminhando de cá pra lá, de lá pra cá, sem saber como surpreender a esposa que estava lavando a louça na pia. Finalmente ela lhe chamou a atenção:

– Vamos… Desembucha, que é que está acontecendo, fala.

Ele pigarreou e falou de peito cheio:

– Mulher! Hoje você vai dormir com um sargento da marinha!

A mulher assustou-se, soltou o prato na pia, virou-se e perguntou nervosa:

– Mas ele vem aqui ou eu tenho que ir lá?

Cuidado com o que você diz. O importante não é dizer, mas como dizer. Vamos viver nossas vidas com responsabilidade e muito equilíbrio. Somos todos plantadores de carvalho, embora fiquemos a vida toda plantando alface. Pense nisso.*[email protected]