Opinião

Opiniao 15 06 2018 6393

O caráter maniqueísta do pensamento contemporâneo dos andarilhos raivosos das “ruas de bytes” – Francisco A. Gomes*

Na batalha do século XXI os homens sapiens digladiam-se em nome de um conjunto de ideias paradoxais. De um lado temos os defensores da moral singular, dos bons costumes da família tradicional brasileira, que se fundam em uma ideologia dita “conservadora”, típica do [controverso] “homem de bem”. Do outro lado da estrada subjaz aqueles causídicos da moralidade relativa, da liberdade plural e da diversidade cultural, fundamentando-se na ideologia dita “progressista”.

O arranca-toco fundado nesta frente dicotômica, mítica e, doravante, míope da direita e da esquerda vanguardista continua na estrada da vida real on e off-line. Com isso, as caixinhas ideológicas edificam-se e fortalecem-se cada vez mais, fomentando as polarizações de praxe e, consequentemente, propicia a cortina de fumaça para inviabilizar o debate que realmente importa ao bem-estar do povo e da sociedade, em seus diferentes segmentos.

Ora, hoje em dia se discute e se defende, intensamente, bandeiras telegrafadas por posições congeladas de um conservantismo impotente e não necessariamente por interesse de demanda, de modo flexível e potente. Em outras palavras, quero dizer que o andarilho raivoso das “ruas de bytes” do século XXI [termo de Eliana Brum] se prende muito a forma de ser e estar e ignora-se o conteúdo adjacente aos princípios básicos da convivência cidadã, o qual implica a noção de alteridade: reconhecimento, respeito, generosidade, compaixão, dentre outros, conforme pontua a filósofa Marcia Tiburi.

Em outras palavras, [no campo virtual] agride-se em nome da forma, desrespeita-se em nome da forma, exclui-se em nome da forma. Em contrapartida, a defesa ocorre em nome [também] da forma dialética da agressão, do seu contrário, limitando-se as narrativas diatópicas da direita e da esquerda. É quase tudo moldado na qualificação da “forma de ser conservador” ou da “forma de ser de progressista”, etc. Liturgicamente somos criados a partir de uma base ideológica excessivamente seletiva e excludente. Claro! Nós somos seletivos em quase tudo que fazemos e praticamos: a nossa revolta é seletiva, nossa solidariedade é seletiva, nossa educação é seletiva, nossa benevolência é seletiva, nossa oração é seletiva, inclusive a nossa hipocrisia cotidiana.

Às vezes tenho a impressão [de] que o sujeito é enganado por simples conveniência e, talvez, pela comodidade em permanecer na sonolência motivada pelo ambiente escuro. Neste caso, a luz incomodaria profundamente os seus olhos atrofiados pela beleza insuficiente das sombras, à guisa da alegoria do Mito da Caverna de Platão, muito bem poetizada na canção do Cartel MCs, “nesse mar de concreto, reproduz Ilhas de Capri, prédios são rochedos, ela canta e exala charme […]” É o canto da sereia, bicho!”.

Neste contexto, me preocupo com determinadas crianças peculiares, ainda na faixa etária de Percy Jackson ou um pouco mais [adolescentes], que se abraçam fortemente em uma ideia de concreto, seduzidas pelo templo de olimpo, e singularizam jeitos e gestos e demonizam a diferença [o outro que não participa e compartilha de suas normas esotéricas]. Com excesso de ironia e deboche, tentam ridicularizar discursos e narrativas divergentes, às vezes até de modo suave, utilizando-se de seu soft power [ver Joseph Nyer] para propagar a cicuta que mata e dilacera o estomago de qualquer indivíduo em pleno gozo de sua consciência crítica, política e cidadã.

A peculiaridade dos seguidores de Perseu é tamanha que, ao argumentar, jorram discursos cirurgicamente forjados em uma verdadeira doutrina mani [queísta] do bem e do mal, como se no mundo existissem apenas dois lados de ideias bicolores, estilizado, inclusive, pela música “É preciso saber viver”, da Banda Titãs. “Se o bem e o mal existem, você pode escolher… É preciso saber viver!” Ou seja, pela lógica musical maniqueísta, a liberdade de expressão do sujeito limita-se a essa polaridade limítrofe do branco e do preto, do pensamento coxinha e da prática mortadela. E nesse ringue virtual a briga é para provar quem é o bom e quem é o mau, para além de Nietzsche.

*Professor do CAp/UFRR. E-mail: [email protected]. Acesse: www.amajouva.blogspot.com.

A fila se mexeu no STF – Júlio César Cardoso*

Os políticos criminosos, que desdenhavam da Justiça, cometeram o grande equívoco ao não acreditar que um dia ela poderia bater às suas portas. E a Lava Jato veio para sacudir o Judiciário brasileiro. Odiada por políticos corruptos, mas saudada pela maioria da população, a Lava Jato é o marco de uma nova era na caçada aos malfeitores políticos nacionais. Pois é, e a fila se mexeu. O STF condenou a 13 anos e nove meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro o deputado Nelson Meurer (PP-PR), o primeiro parlamentar dos mais de 200 encalacrados na Operação Lava Jato.

E a próxima parlamentar a ser julgada, neste mês de junho, será a impoluta e desafeta do juiz Sérgio Moro, a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), acusada de ter recebido 1 milhão de reais de propina oriunda da mesma fonte ilegal que abasteceu as contas de Nelson Meurer.

E não se pode deixar de registrar que o senador José Agripino (DEM-RN) virou réu pela segunda vez no STF. Neste caso, ele é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.

Alegar o senador a fragilidade da denúncia, no placar de 3 votos a 2 pela Segunda Turma do STF, é um direito da parte perdedora, mas é um resultado de efeito jurídico com o qual o senador deveria se preocupar, pois o exemplo da condenação de Nelson Meurer não pode ser olvidado.

Todos aqueles políticos solertes que se abeberam de fontes ilícitas e que mascaram os seus malfeitos devem pagar por seus erros na Justiça.

*Bacharel em Direito e servidor federal aposentado; Balneário Camboriú-SC

Somos o que som- Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O homem superior faz o que é adequado à posição que ocupa; ele não deseja ir além, disso”. (Confúcio)

Nada é mais gratificante a uma pessoa superior do que o dever cumprido. E o cumprimos quando fazemos o que devemos fazer como deve ser feito. Ir além depende do que fizemos. Cuidado com sua empáfia. Ela pode estar fazendo de você uma marionete de você mesmo. O seu valor não está no que você faz, mas como você o faz. Nunca se deixe levar pela futilidade do poder. Faça apenas o que deve fazer da melhor maneira que puder fazer. Mas, primeiro tem que aprender a fazer. Você está preparado para o cargo que pretende ocupar, se eleito nas próximas eleições? Se estiver vá em frente.

Do outro lado do muro, você está preparado para verificar se seu candidato está reparado? Verifique em que pontos você está mirando para avaliar seu candidato. Mas tenha muito cuidado. Tudo vai depender de seu preparo como cidadão, para escolher o seu representante na política. Porque o resultado vai depender de seu preparo na escolha. E o preocupante é que ainda não temos uma política equilibrada que nos oriente enquanto responsáveis por ela. Ainda somos, na condição de meros eleitores, vistos como objetos, e não como responsáveis.

Ainda não vivemos o respeito que d
everíamos viver, vindo dos que necessitam do nosso voto para ocuparem o cargo ou posto que almejam, até mesmo sem os merecerem. Muito cuidado. Tenha mais atenção na escolha do seu candidato. Não se esqueça de que seja ele quem for, vai ser seu representante. E, consequentemente, a responsabilidade pelos resultados é sua e só sua. E que depende de sua maturidade, do seu conhecimento. Uma cultura que está embutida no ser humano, independentemente de sua cultura. Tudo vai depender do valor que você se der, no que você realmente é. E você, cidadão humilde, é o responsável pelas mudanças de que necessitamos para que sejamos realmente um País com letra maiúscula, respeitado pelo que somos e não pelos que querem nos destruir. Valorize-se.

Respeite seu voto. Faça do seu título de eleitor um instrumento para seu crescimento. Lute pela sua liberdade. E você nunca será livre com a obrigatoriedade no seu voto. Mas seu voto facultativo vai depender do seu preparo cívico. Faça sua parte, já que os dirigentes não estão nem aí para essa responsabilidade. Você pode mudar o mundo. Mas procure o caminho correto para as mudanças. Comece com o seu voto. É com ele que você vai mostrar a responsabilidade que você tem para com seus deveres de cidadão. Vá à urna com a consciência de cidadania, paz, amor e harmonia. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460