Opinião

Opiniao 14 07 2018 6572

A identidade nacional na crônica esportiva de Nelson Rodrigues – Clhinger Thomé Guedêlha*

Criado pelo escritor Nelson Rodrigues, o termo “complexo de vira-lata” definiu a falta de autoestima dos brasileiros. Tudo teria começado com a derrota da seleção brasileira na Copa de 1950. A expressão ganhou o mundo, perdura no tempo e, hoje, a manifestação do “complexo de vira-lata” é diariamente reforçada pelos próprios brasileiros, até mesmo em comentários de altas autoridades, através das expressões: “esse país”; “neste país”, as quais criam a ideia subjetiva de que o autor do comentário aqui está de passagem, não pertence ao país, conhece e vive em outro. Se alguém diz: “Este lugar não é bom”, concluímos que este alguém conhece outros lugares, viveu ou vive em outros lugares, pois não é possível se fazer comparações sem possuir um parâmetro.

O complexo de inferioridade dos brasileiros, dimensionado por Nelson Rodrigues com a expressão “complexo de vira-lata”, sempre foi objeto de estudos e discussão desde os primórdios do século XIX. Aqui e ali encontraram um culpado: a miscigenação, a falta de cultura, educação precária e o clima tropical levariam à preguiça, à busca intensa pelo prazer, sem nenhuma outra preocupação com o desenvolvimento.

Muitos estudiosos e intelectuais estudaram e pensaram em como resolver o maldito “complexo de vira-lata” dos brasileiros. Entretanto, apenas um chegou próximo. O historiador cearense Capistrano de Abreu, ao propor a substituição de todos os artigos da Constituição Federal por apenas um: “todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara”.

Não existe uma identidade nacional homogênea e estável, quanto mais se considerando que a formação cultural brasileira é marcada fortemente por um caráter eclético e sincrético. Mantendo forte compromisso com a estética textual, “À sombra das chuteiras imortais” permite um olhar matizado, complexo e privilegiado sobre a questão da construção da identidade nacional utilizando-se do futebol como elemento catalisador para tal. As crônicas de Nelson Rodrigues não tinham como objetivo apenas renovar as tradições do esporte, mas principalmente cultivar uma imagem de um país vitorioso que conseguiu vencer o trauma do fracasso. Tendo em vista que a identidade é demarcada pela diferença, para o brasileiro a característica distintiva é a mestiçagem. E, para Nelson Rodrigues, esta deveria ser enaltecida. Em suas narrativas, o cronista transitava pelo ideal do homem cordial, mas, apenas para criticar a submissão do brasileiro, definida na figura do “complexo de vira-latas”. O mulato era a representação de uma brasilidade determinada pela criatividade, vivacidade, malandragem, superação, ginga e alegria, elementos que perceptíveis ao longo de uma partida de futebol.

Apesar do imenso repertório de temas do cotidiano, obsessivamente, Nelson Rodrigues transformou o futebol em enredo teatral. Os jogadores de futebol encarados por Nelson Rodrigues como heróis de um povo que sempre valorizou os elementos de festa e ludicidade, que de certa forma também foram fator de resistência, no sentido de permitir a ressignificação de injunções que não necessariamente faziam parte de uma formação cultural nativa. Através de símbolos como Pelé e Garrincha, Nelson mostrou que os brasileiros devem se aceitar como são e que se forem determinados, acreditando no seu potencial, nada impedirá o sucesso da nação.

O exagero textual e a teatralidade aproximam as crônicas esportivas rodrigueanas das obras de ficção e tornam o futebol mais importante do que os problemas sociais – como a seca no Nordeste brasileiro e a ditadura militar – em um período em que o esporte não era reconhecido como um assunto digno de ser tratado com seriedade e, por isso, deveria ser ignorado. 

*Acadêmico de História – UERR

O audacioso habeas corpus para soltar Lula – Júlio César Cardoso*

A audácia do PT para libertar Lula já extravasou o limite da razoabilidade, da decência e da tolerância. Lula, à luz da Constituição Federal, deve ser tratado como qualquer condenado.

Portanto, a liberdade de Lula implica a imediata soltura dos demais presos, em obediência ao princípio constitucional da igualdade dos direitos. E se isso ocorrer, só resta ao país a pronta intervenção militar para restabelecer a ordem e prender toda essa corja que tenta denegrir o Estado Democrático de Direito.

Ainda não vivemos em estado de anomia ou de anarquia como pressupõem os saltimbancos e agregados petistas. Aqui ainda vige o respeito ao imperativo legal, não obstante a rebeldia do desembargador plantonista Rogério Favreto, bem como de alguns ministros do STF – Lewandowski, Toffoli e Gilmar Mendes – componentes da Segunda Turma do STF, os quais têm se comportado de forma antirrepublicana ao autorizar a liberdade de criminosos de colarinho branco, desrespeitando assim as decisões de segunda instância. O comportamento do desembargador plantonista do TR4, Rogério Favreto, petista de carteirinha, ao receber e dar andamento ao pedido da liberdade de Lula sem que houvesse algum fato novo que justificasse o pedido, é de questionável lisura.

O seu plantão foi obra ardilosa de petistas desnorteados para lograrem êxito por caminhos sinuosos, pois até agora os empedernidos defensores de Lula só acumularam derrotas em cima de derrotas no Judiciário. Assim, os tiros do PT por volta do meio dia de domingo (8) foram apenas de festim, ou seja, fizeram muito barulho mas sem nenhum efeito.Vejam o que disse o ex-presidente do STF, Carlos Velloso: “Um sujeito espera um juiz plantonista, ideal para impetrar um habeas corpus, um mandado de segurança, e ter a certeza da obtenção de uma liminar. Isso é velho conhecido na Justiça”.

A sociedade tem que ficar atenta para impedir que os indecorosos e traidores da República, travestidos de políticos sérios e honrados, não achincalhem a nação, desrespeitando a ordem jurídica a ponta de poder causar a sua instabilidade. O país é muito maior do que a arrogância ensandecida de uma liderança partidária, legalmente condenada e presa, que devia se manter silenciosa na cadeia.

*Bacharel em Direito e servidor federal aposentado; Balneário Camboriú-SC

Na indolência – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Somos o único caso de democracia que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram”. (Joaquim Barbosa)

Você se lembra dos filmes do Mazzaropi? Num dos filmes ele dormia numa rede, a mulher chegou e tentou acordá-lo: 

– Acorda, Zé!… Acorda, Zé! 

Depois de vários gritos da mulher, ele acordou e gritou: 

– A corda tá lá inriba do poço, muié chata! 

Será que nós, cidadãos, ainda não estamos dando uma de Mazzaropi? Mas vamos tentar acordar enquanto é tempo de começar. Senão vamos continuar em nosso velho círculo de elefante de circo. Mas vá refletindo sobre isso, enquanto vou mudando de assunto.

Fui pegar o jornal, pela manhã, e vinha caminhando pela Rua Lobo D`Almada. Enquanto caminhava, pensava. E meus pensamentos sempre me levam muito longe. Pensei no quanto ainda estamos atrasados na evolução racional. Ainda não conseguimos ver, nem enten
der, o que somos; de onde viemos nem para onde iremos. E por isso ainda não somos capazes de nos libertar dos grilhões limitadores que nos mantêm presos a um processo de progresso a regresso. Ainda não somos capazes de ser o ser que realmente somos.

Faça uma reflexão sobre suas limitações enquanto ser humano. Do que você é capaz de fazer para seu próprio desenvolvimento. Em que grau de evolução racional você se acha? E que evolução você considera evolução; se você ainda vive sob a cultura da submissão. Que é o maior entrave para o desenvolvimento racional da humanidade. Ainda vivemos sob orientações desorientadas dos que nos mantêm sob seus próprios pensamentos. Enquanto você não sair desse curral permanecerá submisso, títere de titeriteiros despreparados. Mesmo porque, ninguém está preparado para preparar você, além de você mesmo.

Valorize-se no que você realmente é, e não no que dizem que você deve ser. “O reino de Deus está dentro de nós”. Mas você, como todos nós, ainda não é capaz de entender a grandeza desse pensamento. Procure o que há de melhor dentro de você e ponha-o para fora de você. Seus limites é você quem os determina. E isso só é possível quando você age com racionalidade. E todos nós somos de origem racional. Não fomos feitos nem criados sobre este planeta pequeno. Chegamos aqui porque quisemos chegar. Viemos por livre arbítrio. Só ainda não aprendemos como voltar ao nosso mundo de origem. E suas decisões estão nos seus pensamentos. Tudo depende de como você os dirige. O que indica que ninguém tem o poder que você mesmo tem sobre você. Faça hoje, o melhor que você puder fazer para você mesmo. Assim você estará contribuindo para o desenvolvimento da humanidade. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460