Opinião

Opiniao 13 08 2018 6735

Polifarmácia: grande desafio médico – Antonio Monteiro*

Com o acelerado processo de envelhecimento populacional, as doenças crônicas degenerativas também vêm sofrendo um rápido crescimento e com elas o uso de diversos medicamentos por um mesmo indivíduo, para tratar diversos problemas.

Esse novo desafio da medicina foi designado por POLIFARMÁCIA, para a qual não existe uma definição de consenso, mas que de modo geral é considerada como o uso prolongado ou contínuo de 5 os mais medicamentos por uma mesma pessoa.

Se conhecer todos os efeitos colaterais de todos os medicamentos existentes no mercado, já é uma tarefa praticamente impossível por parte de nós médicos imaginem saber, se o uso concomitante de 5 ou mais pode causar problemas de interações prejudiciais ao nosso organismo?

Diversos estudos nacionais e internacionais têm alertado os médicos e a população sobre o risco crescente de que, o uso de medicamentos múltiplos, possa estar tendo um efeito contrário, principalmente em idosos, de agravar, ao invés de melhorar seus problemas de saúde.

A solução desse problema é complexa e vai desde o conhecimento preciso de todos os medicamentos sendo usados pelo paciente, até programas de computador que possam cruzar os diversos medicamentos em uso e alertar o médico sobre interações perigosas.

Enquanto não temos uma solução mais moderna e eficiente, cabe a nós, cada um dos médicos alertar nossos pacientes sobre o uso indiscriminado de medicamentos, bem como o uso sem prescrição médica dos mesmos, além de orientar de forma muito detalhada e precisa, como usar os medicamentos que estão sendo prescritos.

Melhoramos no controle do uso abusivo e sem prescrição de alguns remédios, mas ainda estamos longe de encontrar uma forma mais ampla de resolver o problema. Um exemplo é o uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINEs) que continuam sendo vendidos sem qualquer receita nas farmácias e que, como sabemos, o uso prolongado dessas drogas pode levar a insuficiência renal crônica, apenas citando um dos prejuízos ao paciente.

Para lembrar que na medicina moderna a relação médico-paciente é uma via de duas mãos, em que profissional e cliente devem trocar informações na decisão sobre tratamentos e prevenção de riscos recomendo que os nossos pacientes nos ajudem nessa difícil tarefa adotando algumas práticas simples, mas que podem fazer muita diferença nesse desafio.

Entre essas práticas destaco: ler cuidadosamente a bula do paciente, que hoje é fornecida para a maioria dos remédios; levar nas consultas médicas o nome e as doses utilizadas de todos medicamentos em uso no momento; e levar as bulas dos remédios prescritos por outros colegas.

Para concluir, nunca é demais lembrar que não existe solução química para todos nossos problemas e que a saúde depende muito mais do que estamos fazendo de nossas vidas, do que medicamentos.

*Médico preventivista e clínico geral, é formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Contato: [email protected]

A nova velha política em pauta – Tom Zé Albuquerque*

A campanha política para o pleito eleitoral de 2018 no Brasil começou e, com esta, os propalados debates. Por mais que acreditemos (de uma forma bem otimista mesmo) numa mudança de concepção da política brasileira, vimos que o que mudou foi quase imperceptível.

Um novo trato, porém, tem ocorrido de tal sorte que degrada ainda mais o manejo de debater: os personagens da imprensa. Em verdade, o que temos é um bando de pseudointelectuais, selecionados minuciosamente para uma causa qualquer, pelas mídias interessadas em uma contrapartida burlante. Alie-se a isto os melindres sociais que a imprensa brasileira precisa tangenciar para não perder audiência, nem gerar comentários racionais, acarretando num mar de falácia, num bojo de hipocrisia, com argumentos sem sustentação científica alguma. Uma comédia circense.

Ser intelectual no Brasil é algo muito doido; os desvarios têm piorado desde o advento da popularização da internet, para qual basta um qualquer dar uma olhada em um texto ordinário de alguns sites, por ele próprio unilateralmente escolhido, para se formar uma opinião e, pior, pulverizá-lo como verdade absoluta. Há tempos não se constrói, pela maioria dos pensadores do Brasil, um arcabouço consubstanciado, sistêmico, com amarrações históricas que permitam à sociedade entender de forma concatenada o porquê de estarmos na situação atual em nosso país.

Os debates sobre o futuro do Brasil são conduzidos de forma irresponsável, em busca de audiência, de compensações várias e de egos. É o que o redator freelancer Valter Camilo diz… “Os pseudointelectuais brasileiros são mestres na arte do auto-engano; se consideram autoconhecedores de todas as dimensões, senhores dos sete reinos”. E complementa: “Pseudointelectuais são assim, não sabem nada, mas falam sobre tudo”. O que observo nestas figuras é a falta de raciocínio holístico; são geralmente leitores de fachada e costumam selecionar apenas uma linha ideária ou ideológica de defesa, por medo, carência ou preguiça mesmo; e, por mais que leiam muitas obras, a quantidade de livros causa neles o mesmo efeito que o respirador artificial faz para o pulmão.

A imprensa volúvel brasileira dos debates não respeita o telespectador. Não dirige os trabalhos em prol do bem comum, mas apenas pra atender laias. Permite bizarrices, devaneios, defesas esdrúxulas de temas ababacados, desviando-nos dos problemas fulcrais do país, abrindo mão das mazelas principais que assolam o país do funk, para mergulharem naquilo que é pífio, acessório e alheio ao interesse comum. O resultado disso é a manutenção de um arcaico modelo de fazer política: oligárquica, segregativa, de sustentação da dependência social através do pior, por base na alienação geral.

Olavo de Carvalho crivou essa linha dizendo que “Se há algo que a história confirma sem um único exemplo em contrário, é isto: toda e qualquer verdade ou ideia valiosa que algum dia chegou ao conhecimento dos seres humanos foi descoberta de um ou alguns indivíduos; ao disseminar-se entre as massas, perde o impulso originário e se cristaliza em fórmulas ocas, infindavelmente repetíveis, que se podem preencher com os sentidos mais diversos e usar para os mais diversos fins. Tudo começa na inspiração e termina na macaqueação”.

*Administrado

TODOS OS FILHOS SÃO ADOTADOS – Vera Sábio*

O ser humano nasce totalmente indefeso e precisa ser adotado para que receba todos os cuidados necessários ao seu crescimento e desenvolvimento.

Existem plantas que são plantadas pelo vento, por passarinhos e por insetos; como também alguns animais nascem soltos, sozinhos e andando, tendo condições de se manterem sem cuidados paternos. 

Mas os seres humanos, sem exceção, não tem condição alguma de sobreviverem sem alguém que os adotem, alimentem, cuidem, amem e os tornem seus filhos.

Não é simplesmente porque a fêmea da raça humana engravidou, por que o macho depositou seu espermatozóide naquele ventre
, e assim será gerado um novo ser humano; que os progenitores se tornam pais.

É sim pelo único motivo de que eles resolveram se responsabilizar por criar aquele ser indefeso que está sendo gerado e que irá nascer e precisará totalmente deles.

Comprovando com isso que somente a adoção lhes torna pais e fazem dos seres humanos, seus filhos.

A diferença dos filhos gerados no ventre ou gerados no coração está no momento do encontro que pode acontecer em datas diferentes do nascimento e também nas características físicas que não são tão parecidas com aqueles que os adotaram. No entanto em nada este tempo ou estas características impedem o maior laço que é o amor que se forma entre pais e filhos.

Então adotar é o maior gesto de amor.

“O menino de 2 anos pensando estar em vantagem em relação a menina de 4 anos, disse que ele chegou na barriga da mamãe… E a filha mais do que depressa disse que ela chegou no jipe do papai…”

Para as duas crianças, quem estava em maior vantagem?

Este exemplo verídico demonstra com naturalidade, como é importante contar a verdade as crianças, o quanto antes. Construindo assim, uma relação de amor, cumplicidade e confiança, sem distinções e preferências desnecessárias pelo filho do ventre ou do coração.

Formando com isso os verdadeiros e sólidos laços entre pais e filhos.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe e cega com grande visão interna.

Compre meu livro “Enxergando o Sucesso com as Mãos”, entrando em contato comigo, ou na livraria do Garden. (991687731) www.enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

O império – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Todo povo é uma besta que se deixa levar pelo cabresto.” (Henrique IV)

O que estamos fazendo para sair desse pensamento rude do século XVI? Pelo que estamos vendo nas campanhas políticas atuais, nada. Continuamos no mesmo cabresto da ignorância política. Confesso que não tive coragem de assistir até o fim, o debate político com os candidatos à Presidência da República, semana passada, pela televisão. A mediocridade imperava nas perguntas, tanto quanto nas respostas. Era como se estivessem discutindo a eleição de um imperador para uma vila do interior. Não ouvimos nenhuma pergunta, nem reposta, condizente com a condição de uma candidatura à presidência de república. 

É estranho que ninguém tenha feito alusão à importância do legislativo para o presidente da republica. O que ouvimos foram perguntas que seriam indicadas para um imperador, e não para um presidente. O que nos leva à reflexão sobre nossa responsabilidade nas mudanças na nossa política. Coisa que só nós, cidadãos, podemos e devemos fazer. Mas temos que nos preparar, para eleger candidatos despreparados. E no que estou vendo, ainda temos que nos preparar para que sejamos realmente cidadãos.

E o mais insensato que podemos fazer é não votar. Porque quando você deixa de votar está dando oportunidade ao pior dos candidatos. Alguém já disse: “Se os inteligentes anularem seus votos, os ignorantes reelegerão os mesmos ladrões.” Não anule seu voto. Mesmo porque as multas pequenas que serão pagas, somadas levam um tremendo benefício aos fundos partidários. E você deu uma de boboca, pensando que fez o que deveria fazer. Você deve votar, mesmo sabendo que seu voto é por obrigação e não por dever. 

Pelo que vi, não temos nenhum candidato à altura do Brasil. Mas você tem que eleger um. Escolha-o, mesmo sabendo que você não está votando no melhor, mas no menos ruim. Peneire e vote. Porque é assim que vamos colaborar para melhorar nossa política que está no fundo do poço. E a melhora vai demorar. Mas temos que começar nossa tarefa. Porque se não fizermos o melhor agora, nossos descendentes continuarão nadando no lamaçal da ignorância política que construímos em todos esses anos de despreparo. E não se esqueça de que devemos estar preparados para pensamentos do século XVI que ainda prevalecerão, por muito tempo, nas mentes dos nossos governantes. O Montaigne disse: “Nenhum governo consegue evitar o uso da mentira para manter o povo sob seu jugo.” E vamos encerrar no papo com mais um pensamento do Charles Maurras: “A verdadeira revolução não é a revolução nas ruas, mas na maneira revolucionária de pensar.” Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460