Opinião

Opiniao 12 05 2017 4022

Fascinação, como escapar dessa armadilha – Flávio Melo Ribeiro*O ser humano enxerga com apenas um foco, portanto para ver diversos objetos precisam trocar os focos e enxergar um objeto por vez. E quando realiza esse processo apenas um objeto é visto com nitidez e os demais montam um conjunto que comumente é chamado de paisagem. Isto implica que, um mesmo objeto, ora ele se destaca dos demais, ora ele se mistura aos outros se integrando na paisagem. O processo da fascinação é diferente, quando a pessoa dá tanto valor a determinado objeto que este vira o plano de fundo, tudo que a pessoa enxerga é o objeto. Esse processo é bastante comum no dia a dia. Quem já não se distraiu numa conversa por mensagens no celular e deixou de prestar atenção ao seu redor. Ou quem já não quis tanto uma determinada coisa que quando está para conseguir fica “cega”, quer dizer não presta atenção nos detalhes, em determinadas falhas.

E quando a fascinação ocorre com determinados alimentos e a pessoa está fazendo dieta e o referido alimento não deve ser consumido, ou consumido com moderação, o que fazer? Pois se na fascinação a pessoa fica vidrada no alimento e o que interessa é consumi-lo, fica difícil ter um controle. Emocionalmente ocorre algo interessante, quando a pessoa se localiza de quem é, colocando a palavra “EU” na frase, ela escapa da emoção, que é um dos componentes da fascinação e a pessoa começa a refletir de forma crítica. Quer dizer, passa a se perceber e medir as consequências das suas escolhas. Esse processo é bastante comum nas pessoas. Arrisco a dizer que todos os leitores já passaram por isso. Quem nunca se questionou “o que EU tenho que fazer agora?” “Que alimentos EU devo escolher agora?” “ O que EU fiz?.” Todos esses questionamentos levam a pessoa a ter um controle maior sobre seus atos.

Assista ao vídeo através do link fornecido pelo jornal e veja como escapei da fascinação na minha terceira semana de dieta e entenda melhor o que são pensamentos intrusos.*Psicólogo CRP12/00449  [email protected]ágina no Facebook: Viver – Atividades em PsicologiaCanal no Youtube: Flávio Melo Ribeiro

Um ano de escândalos e de crise econômica – Ângela Portela*Acaba de se completar um ano que, ajudado por Eduardo Cunha e com o apoio de grupos conservadores do Congresso, Michel Temer chegou à presidência da República. Já antes de assumir o cargo, acenava com a promessa de melhorias significativas na economia brasileira.

Adotou uma plataforma afinada às grandes empresas, em especial às multinacionais, e ao capital externo. Os resultados têm sido catastróficos, em especial para quem mais precisa do Estado, como os trabalhadores, as mulheres, os jovens, os idosos, os que estão nas faixas de menor renda.

De lá para cá, como se sabe, tudo piorou. Na verdade, não poderia ser de outra forma. Trata-se de um governo sob suspeita.

Ao menos dez ministros foram citados em investigações. Vários já precisaram ser substituídos e muitos já deveriam ter sido. Sucederam-se escândalos, um após o outro. Do ponto de vista político, é um governo sem credibilidade.

As propostas centrais dos partidários de Temer, vindas dos tempos em que seu grupo preparou o programa batizado de “Ponte para o Futuro”, eram a criação de empregos e a melhoria dos investimentos. Aconteceu o contrário: aumento do desemprego, explosão da dívida pública e queda no padrão de vida da população.

Há um ano, a taxa de desemprego estava ligeiramente acima de 11,2%. Hoje, é superior a 13%. São 14 milhões de desempregados. A retração do Produto Interno Bruto bateu um recorde, sendo superior a 2%. Com isso, caiu também a renda per capita dos brasileiros. Ficamos todos mais pobres.

A promessa era acertar as contas do governo. Também aí ocorreu o contrário. O déficit público bateu os R$ 156 bilhões ao ano. Não é de se estranhar. Agora sim existe uma gastança.

Na administração direta, liberaram-se já mais de R$ 3 bilhões para pagamento das emendas parlamentares, o preço para deputados e senadores dos partidos aliados votarem medidas impopulares como a emenda que impôs teto aos investimentos sociais, a Reforma Trabalhista ou a Reforma da Previdência.

Processo semelhante ocorre na administração indireta. Se, ainda no governo anterior sancionou-se a Lei das Estatais, para moralizar sua gestão, neste último ano verificou-se um verdadeiro leilão de cargos, igualmente com o objetivo de agregar maioria capaz de cumprir sua agenda antipovo.

Partiu do próprio Planalto a alegação de que se reduziu a inflação e que se baixaram os juros. Sim, a inflação caiu. Mas nada há a comemorar, uma vez que isso se fez ao custo de reduzir o poder aquisitivo da população. Se ninguém tem com que comprar, evidentemente há queda nos preços.

Da mesma forma, é falseada a redução da taxa de juros. Sim, a taxa básica do Banco Central caiu de 14,25% para 11,25% nos 12 meses que se passaram até maio de 2017. Entretanto, se essa taxa for calculada em termos reais, descontada a inflação, constata-se que os juros reais na verdade aumentaram para o consumidor.

A propósito, as taxas permanecem astronômicas quando anualizadas: superam 400% no cartão de crédito e são ainda maiores no cheque especial.

A economia, portanto, vai mal: o desemprego só aumenta, a indústria perde terreno, os juros crescem em vez de cair, o poder aquisitivo da população baixa a olhos vistos. O governo Temer, de seu lado, insiste no que seriam medias corretivas, na verdade uma agenda cruel que transfere para os trabalhadores o custo da crise.

O pior de tudo, porém, é se aproveitar de uma crise sem precedentes para, acenando com uma recuperação que nunca aparece, adotar uma série de medidas cruéis. As vítimas dessa crueldade são as faixas de população com menor renda, os trabalhadores em geral, as mulheres, os agricultores pobres, os jovens que buscam ampliar a escolaridade e os que tentam ingressar no mercado de trabalho.

A chamada Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência são os melhores exemplos disso. Tornaram-se o centro das preocupações do governo, que pressiona o Congresso para aprova-las.  Caso isso ocorra, será o maior esbulho de direitos ocorrido no Brasil em todos os tempos.

Um ano se passou desde a posse do governo Temer. Foi um ano de escândalos, de corrupção, de deterioração da economia, de desemprego, de perda de poder aquisitivo, de precarização das relações de trabalho e de desmonte da máquina estatal. Um horror. *Senadora por Roraima (PDT)

Respeito às leis – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Quanto mais corrompida a república, mais leis”. (Rui Barbosa)Se eu me encontrasse com o Rui Barbosa, hoje, pediria para ele acrescentar mais uma palavra à sua frase. E a palavra seria: “Inúteis”, no final da frase. Porque o que temos de leis inúteis no nosso querido Brasil, não tá no gibi. Não sei se você sabe que existe uma lei que limita o tempo que o cidadão deve ficar na fila dos bancos.

Dia desses falei pra você que fui a um banco, depositar um dinheiro. E embora tivesse uma senha preferencial, fiquei meia hora na espera e desisti. Saí sem fazer o depósito. Ontem voltei para depositar os dez reais.

E olha só o que aconteceu. Na vez anterior, peguei a senha prioritária, número 3026. Ontem, quase coincidentemente, peguei a senha 3028. Da vez anterior quando entrei, eles tinham chamado a senha 3016. Ontem, quando entrei, eles tinham chamado a senha 3017. Não resisti ao riso.

No ambiente de espera existem dezoito cadeiras. Estavam todas ocupadas. Fiquei em pé. Era precisamente dez horas e cinquenta minutos. Exatamente às doze horas e vinte minutos, chamaram minha senha: 3028.

Exatamente uma hora e trinta minutos. Foi o tempo que esperei ali, em pé. Uma hora e trinta minutos para atenderem onze clientes prioritários. Os não-prioritários foram atendidos com muito mais rapidez. Não parece estranho?

Quando entrei havia apenas uma atendente atendendo, e as outras três mesas, vazias. Tempo depois chegou mais uma atendente e só as duas continuaram, durantes a hora e meia que fiquei ali. Entrei e fui atendido num tempo que não foi além de dois minutos. Não é legal? Fiquei uma hora e meia em pé, para ser atendido em questão de dois minutos. Os seguranças do banco ficaram me olhando quando saí sorrindo do disparate. Ri imaginando se o Rui Barbosa assistisse a um espetáculo ridículo como esse. E olha que isso aconteceu num dos Bancos mais famosos e respeitados do Brasil.

Quando será que seremos um povo realmente civilizado? Quando será que vamos ser respeitados pelos bancos que movimentam, e se movimentam com o nosso dinheiro? Cara, ficar uma hora e meia à espera de um atendimento rápido num banco é, no mínimo, vergonhoso. Naquela agência há dezoito cadeiras para acomodar um número exorbitante de clientes; muitos carentes de atendimento prioritário; e apenas quatro atendentes, dois dos quais não estiveram presentes durante uma hora e meia em que estive ali.

Já falei: enquanto não formos um povo educado, vamos ser tratados como trogloditas. E nem percebemos que somos tratados por trogloditas. Vamos fazer nossa parte ou continuaremos no que somos. Pense nisso.*[email protected]