Opinião

Opiniao 12 04 2018 5997

Tirem a mãos dos nossos bolsos! Flamarion Portela* O que estamos vivendo em Boa Vista é uma situação constrangedora gerada pelo poder público municipal contra o cidadão. A instalação de radares de fiscalização eletrônica na Capital transformou nosso trânsito numa verdadeira “indústria de multas”.

Desde que passaram a funcionar, em novembro do ano passado, os radares registram milhares e milhares de multas todos os meses, sendo que só no primeiro mês de funcionamento, registrou mais de 120 mil multas por excesso de velocidade.

E um detalhe interessante que comprova esse verdadeiro “assalto” aos bolsos do cidadão, são os locais estratégicos onde foram instalados esses radares. Se observarmos bem, veremos que eles foram colocados justamente após trechos de descida, nos quais os veículos, naturalmente, e por causa da gravidade, desenvolvem maior velocidade.

Pelo menos quatro dos seis radares eletrônicos instalados em Boa Vista estão localizados em declives: Av. Ville Roy, próximo ao Mirandinha; Av. Mario Homem de Melo, próximo à Codesaima; Av. Ataíde Teive, próximo à Roraisat; e Av. Glaycon de Paiva, próximo à Unimed.

E temos ainda os radares instalados em semáforos, que registram quem avança o sinal vermelho ou para sobre a faixa branca. Esses radares também têm sido alvo de muitas críticas pelos condutores. Há ainda a suspeita de que esses semáforos podem não estar aferidos corretamente.

Outro detalhe que chama a atenção nesse processo é a Portaria 112-2017, da Secretaria Municipal de Segurança e Trânsito, que normatiza entre outras coisas a avaliação por produtividade dos agentes de trânsito municipais. Ou seja, quanto mais eles gerarem multas, mais estarão aptos a uma progressão funcional.

E há ainda de se levar em conta que a aplicação dessas multas não dá plenos direitos ao condutor de expor uma justificativa em contraditório. Apesar de haver um prazo para recurso, é muito improvável que o “infrator” consiga convencer o órgão público de que o excesso de velocidade tinha uma justificativa. Como ele pode provar que, por exemplo, fugia de um assalto, se sentia mal e buscava atendimento médico, que socorria alguém, que buscava dar passagem a veículo de ambulância ou da Polícia? É a sua palavra contra a do órgão público. E adivinhe quem perde!Apesar de a Prefeitura de Boa Vista dizer que a instalação desses radares diminuiu o número de acidentes de trânsito com vítimas, não justifica esse excesso de multas todos os meses. No último dia 15 de março, a Justiça determinou a suspensão do funcionamento dos radares e da cobrança de multas. A Prefeitura recorreu e, nesta terça-feira, 10 de abril, a Justiça derrubou a liminar, permitindo a volta da aplicação das multas.

De qualquer forma, o cidadão precisa ficar atento. Não podemos aceitar que metam a mão no nosso bolso dessa forma. *Ex-governador de Roraima

 

VITIMIZAÇÃO

Vera Sábio*

Em tudo na vida temos várias maneiras de enfrentar as perdas. Mesmo porque, começamos a perder desde o primeiro segundo de vida.

A forma em que somos educados e preparados para perder é o que faz toda diferença em quem nos tornaremos. Pois o fato é que iremos perder sempre e isto é algo bom, embora muitos ainda não saibam disto. Aqueles que sabem perder, fazem das perdas degraus para próximas vitórias, transformam dos obstáculos, motivos de aprendizagem para não errar outra vez e são os protagonistas e não as pobres vítimas de suas existências.

Todavia, miseráveis são aqueles que justificam toda perda, colocam a culpa no outro, não admitem ter acreditado errado, feito errado e serem humanos para falhar. Infelizes os que, sendo pessoas humanas, acreditam totalmente em outra pessoa, afinal somente Jesus Cristo que é Deus e se tornou homem, o único perfeito e capaz de não nos decepcionar.

Jesus é incomparável e sendo assim, qualquer outra pessoa irá uma hora ou outra, nos frustrar e isso é tão comum, já que nós estamos propícios a decepcionar os outros também. A frustração é a grande aprendizagem que faz com que nos tornemos adultos responsáveis, honestos, trabalhadores e saibamos plantar, com a certeza da colheita. Porém temos aqueles que não admitem perder, são aqueles que desde criança tiveram tudo ou livremente ou na marra. Sendo assim, as vítimas do mundo, onde a sociedade, a política, os outros em geral, são, na concepção deles, obrigados a servi-los.

É só verificar a estrutura familiar de crianças que se tornaram bandidos altamente perigosos, verão que dificilmente um foge da regra do padrão de crianças, que ao invés das frustrações e podas necessárias, receberam tudo fácil e a eles não foram cobradas disciplinas comuns aos cidadãos de bem. No campo da política, a observação é a mesma, ao verificar o quanto fanáticos e acostumados a terem benefícios fáceis e sem muito trabalho e estudo, agora diante a todas as evidências, continuam negando o óbvio e se fazendo de criminosos, pobres perseguidos. Simplesmente por não admitirem perder.

Chega de vitimização, cresçamos com esta experiência de justiça e sejamos melhores a cada dia, é o mais sensato e digno que podemos fazer em prol de um futuro melhor, em que todos os corruptos paguem pelos seus atos.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe e cega com grande visão interna.CRP: 20/04509www.enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

 

Eternizando a beleza

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A beleza é a eternidade que se olha a si mesma num espelho, e tu és esse espelho”. (Gibran Khalil Gibran)

Na verdade não é seu vestido elegante que vai fazer de você uma mulher elegante. Mas ele é indispensável à sua elegância. Do mesmo modo, não é seu terno, camisa e gravata que vão fazer de você um homem elegante. Mas essa verdade não lhe dá o direito de negligenciar na elegância. Tudo, por fim, está dentro de você. A indumentária não é mais do que um complemento. E por isso, nunca negligencie no seu comportamento. Há um sem número de pontos importantes na elegância de uma pessoa, independentemente do seu sexo. O timbre de voz, por exemplo, é um fator importante que pode pesar muito num julgamento. Nada mais repelente do que uma mulher vestida negligentemente. Não sei se foi aqui na FOLHA ou em outro jornal que já falei de uma coleguinha que tive no colégio em que eu estudava. Na verdade foi na Escola de Base, na Base Aérea de Parnamirim, logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Faz tempo pra dedéu. Ainda na década dos quarentas.

Tínhamos uma coleguinha de classe, muito pobre. Extremamente pobre. Sempre me encantei com o tratamento que as professoras lhe davam. Certa vez comente
i isso com uma colega e ela não entendeu minha preocupação. Pareceu-lhe tolice. Mas mesmo não sabendo por que, eu sabia que não era tolice. Até que um dia, num evento, no nosso grupo de Escoteiros, surpreendentemente, uma professora nos falou do exemplo de elegância que aquela garota nos dava. Quando mesmo percebendo-se que ela não tinha mais de dois ou três vestidos, um dos quais já ostentando remendos, ela nunca chegara à escola com a roupa malpassada, ou apenas amarrotada. Vinha daí o carinho etiquetado com o respeito que as professoras tinham pela garota. Desde então, tornei-me um severo e rigoroso observador desses detalhes na elegância das pessoas, aliados ao seu comportamento pessoal.

A postura elegante de uma pessoa, seja homem ou mulher, não se prende à indumentária apenas. Esta faz parte do pacote, mas não é o pacote. Mas, muito cuidado. A postura tem que ser natural. Nada de artificialismo. Nada torna uma pessoa bonita mais antifotogênica do que o excesso de pose. Ser natural já é uma elegância. Quando sabemos o que somos apresentamo-nos como somos. Nem todos os grandes galãs que conhecemos são realmente tão bonitos assim. Mulheres não são elegantes porque são bonitas; são bonitas porque são elegantes. A postura deve ser natural, senão não será postura. Pense nisso.

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