Opiniao 11 04 2018 5988

As palavras e os discursos carregam valores e têm consequências: o jornalismo local e os imigrantes venezuelanos

André Augusto da Fonseca*Kézia Wandressa da C. Lima*

A crescente onda de intolerância, ansiedade e espetacularização voltada contra imigrantes já se materializou em atos concretos de agressão covarde. Depois de anos de exploração do trabalho barato de pessoas que têm urgência em alimentar a si e aos filhos pequenos, demagogos de diversos tipos vêm induzindo uma atitude irracional de ódio e desumanização, elegendo os venezuelanos como bodes expiatórios da incompetência de líderes políticos que há muito tempo falham na organização da saúde pública, do sistema educacional e da escolarização básica em nossos municípios e em nosso estado.

A Venezuela, durante décadas, recebeu milhares de brasileiros que emigraram e continuam vivendo lá em busca de vida melhor. A migração em sentido contrário é quase inédita, aguda, decorrente de grave crise política e econômica. Além disso, segundo dados da ONU, em 2017 a Venezuela acolhia mais de 174 mil refugiados de diferentes países, enquanto o Brasil (muito maior) era o abrigo de apenas 41 mil refugiados.

A solidariedade e a hospitalidade são deveres éticos e humanitários elementares da civilização. No entanto, para nossa vergonha, nosso país testemunha o retrocesso à barbárie por parte de determinados grupos que incitam ataques contra pessoas em extrema vulnerabilidade. Temos que lembrar o óbvio: a liberdade de expressão jamais significou irresponsabilidade pelo que é expressado. Órgãos de comunicação de massa têm o dever de informar e esclarecer a população e são portadoras de grandes responsabilidades ético-políticas. Deveriam ter extremo rigor na divulgação de informações e consciência das consequências de seu discurso.

A percepção de que o rádio e outras formas de comunicação de massa são formas extremamente eficazes de influenciar uma quantidade enorme de pessoas não é nova. Meios de comunicação de massa já foram usados para promover a desumanização de um ou mais grupos, Hitler havia deixado claro que a propaganda devia ser “popular” e “se equiparar ao nível intelectual da capacidade de compreensão dos mais ignorantes”, sendo necessário entender e atender o “sentimento da massa”, acompanhando “os ‘desejos vagos e às convicções indeterminadas’ do povo para alcançar os fins a que se propunha” (LENHARO, 1986).

Mais recentemente, o discurso diário de incitação, pelo rádio, à perseguição de um grupo étnico, teve responsabilidade decisiva pelo genocídio em Ruanda (1994), com mais de meio milhão de pessoas assassinadas. O Tribunal Penal Internacional criado pela ONU para julgar os responsáveis pelo genocídio em Ruanda condenou, em 2002, jornalistas e empresários de rádio e jornal à prisão perpétua por incitar o massacre.

Ao mesmo tempo em que devemos exigir das autoridades federais o atendimento da emergência representada pelo fluxo migratório, temos que chamar a atenção para a forma como os meios de comunicação locais cobrem essa questão. A propagação de ódio não é mera “opinião”. Não é exercício ético do jornalismo propagar informações incompletas, desencontradas ou simplesmente falsas, com incitação ao ódio ao imigrante venezuelano (insistentemente reivindicado no seu programa a denominação “invasor” em substituição ao termo “imigrante”). Divulgar informações equivocadas de ouvintes sem questionamentos ou correções, quando convenientes a uma narrativa que transforma imigrantes em inimigos, não pode ser considerada como uma conduta adequada. Em determinados meios, vemos ser propagados boatos como o de que “os venezuelanos estão se aposentando pelo INSS em questão de dias, após irem aos Correios e emitirem o CPF”.

Tais boatos, respaldados em meio de comunicação de massa, estão entre os fatores que levaram à criação de dezenas de grupos denominados “Fora Venecas”, no aplicativo de comunicação WhatsApp, com o objetivo de organizar uma manifestação reivindicando o fechamento da fronteira, a expulsão dos venezuelanos presentes em Roraima e o fim do suposto “excesso de direitos” que os venezuelanos estariam tendo no Brasil, sob a alegação de que estes estão tendo mais direito do que os brasileiros. Nesses grupos, citam-se textualmente boatos propagados por meios de comunicação.

Caberia ao jornalista esclarecer que na verdade o STF decidiu que o direito à assistência social (Art. 203, V da CF, que determina a “garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”) vale tanto para brasileiros natos quanto para imigrantes, em casos bastante restritos. (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=341292). Não se trata nem de aposentadoria nem de concessão indiscriminada, pelo simples fato de “possuir um CPF e ser um imigrante”.

Como cidadãos (ãs), educadores (as) e pesquisadores (as), manifestamos nosso repúdio à difusão de informações falsas que se aproveitam das incertezas, inseguranças da população para forjar um cenário caótico e de pavor social, criminalizando um grupo social vulnerável. Conclamamos os (as) jornalistas éticos (as) e demais cidadãos (ãs) a se posicionarem contra a propagação de discurso de ódio voltado contra imigrantes ou qualquer outro grupo social.

*Membros do núcleo Rosa Luxemburgo do PSOL-RR

 

A caminhada

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Quem anda com seus próprios passos gosta dos seus pés e confia no seu senso de direção”.

Perder tempo não significa só ficar parado vendo o tempo passar. É muito mais do que isso. Muitas vezes, e é o mais comum, você perde tempo com assuntos que não levam você a lugar nenhum; são assuntos fúteis e vulgares. E tais conversas podem ser entre você e você mesmo. É quando você perde tempo pensando em coisas que não merecem seu tempo. Que só fazem você perder tempo, aborrecer-se e até, por vezes, entristecer-se. E a pior coisa que pode lhe acontecer durante o dia é você passar o dia aborrecido e triste. Nesses momentos procure marcar um encontro com você mesmo, com você mesma, o importante é que você procure se conhecer. Quando não mantemos equilíbrio em nossos pensamentos não mantemos nossa saúde em dia. Não tem como. Procure seu c
aminho. Não permita que ninguém lhe diga que caminho você deve tomar na sua vida. Mas seja coerente e responsável por você mesmo. Sua vida é sua e é você que deve dirigi-la. O que você deve buscar para uma caminhada segura é orientação de quem deve e tem como orientá-lo. Mas aceite as orientações, desde que elas não tirem você de sua rota.

Nunca perca tempo com críticas dos que lhe disserem para não dar atenção aos livros de autoajuda. Geralmente são pessoas que têm como orientar. Você pode até se confundir, por serem pessoas que têm um bom padrão de vida. E você vai pensar, como elas, que elas não necessitam da orientação da autoajuda. Engano. A verdade é que elas fazem o que devem fazer como deve ser feito, mas não têm a devida consciência de por que estão fazendo. Estão agindo de certa maneira, dentro dos padrões da evolução. Mas se você não está acompanhando o desenvolvimento delas é porque você não está no caminho delas. Então procure modelá-las, mas sem imitá-las. São coisas absolutamente diferentes. É só uma questão de interpretação.

Nunca tente mudar as outras pessoas. Mude-as mudando você mesmo. Porque se está havendo alguma diferença entre você e elas e você quer igualar-se, é você quem deve mudar. E as coisas não mudam para nós se nós não mudarmos. Tudo o que temos e o que vivemos é fruto dos nossos pensamentos e de mais nada. Ninguém neste mundo nem em qualquer outro, tem o poder de fazer você ser diferente se você não estiver a fim. Livre-se dos seus pensamentos negativos e fuja o quanto puder de lembranças do passado que não lhe tragam felicidade. Viva o momento atual como preparativo para o momento futuro. E o futuro é amanhã. Prepare-se para ele. Pense nisso.

*[email protected]