Opinião

Opiniao 05 09 2017 4718

O Deus João – Walber Aguiar*Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal E fazer tudo igualEu do meu lado aprendendo a ser louco…                                            Raul Seixas

Eu não quero ser normal. Aliás, a normalidade é estática, mórbida, exígua, sem graça. Ela não rima com a dinâmica do humano inquieto, criativo, voraz e desejoso de viver. A normalidade vive dentro de casa, escondida.  Encarnava esse papel um tal João de Deus, que mais tarde  passou a se chamar “ Deus João”.

Ora. João de Deus era simples, à semelhança de João Batista da Silva Neto, o nosso João Coxó, da Mecejana.. Era, por assim dizer, um menino. Um cara que ria das desgraças, que era meio seu Lunga, que sabia responder de forma estúpida com a mesma obviedade da pergunta.

Pergunta idiota, tolerância zero. Um dia ele estava capinando no sol quente de uma da tarde, rachando a moleira. Lá vem o César, com sua cara de gaiato, dizendo: – Ei João. Tá capinando? Não, tô enterrando, cavou um buraco e enterrou o mato.

Assim era João, mais grosso que pau de porteira. Um menino homem, que soube preservar até o último dia a inocência que a maioria vai perdendo pelo caminho, a sadia ingenuidade, que nos preserva da loucura e da maldade humanas. Por essas e outras qualidades é que João

Batista se parecia com o João de Deus de Machado de Assis, que mais tarde se chamaria de Deus João, pois, dizia que se apontasse para o céu uma estrela se arremessaria na direção do Oceano. Assim, era João de Deus, que virou Deus João.

Ora, o Deus João virou as costas para a normalidade. Não quis viver atolado à rotina dos dias, à tediosa mesmice, ao absurdo cotidiano sem aventura. Talvez não tenha morrido como quis morrer, mas viveu intensamente, como quis viver.

João Batista, o “Coxó”, confessou-me que após a morte de sua mãe, virou um órfão existencial, uma pessoa solta no mundo; sem graça, sem companhia, sem amor. João não vivia socado dentro de igrejas com “i” minúsculo, não participou da hipocrisia e da insensibilidade, da falta de amor de tantos que dizem amar um Deus invisível e não amam o ser humano em sua visibilidade econcreção histórica.

O outro João , o Bosco, vivia sozinho, à semelhança do João de Deus que virou Deus João. O oráculo do Jóquei, como se intitulava, também não se conformava com a normalidade. Queria mexer com as estruturas viciadas do poder, por isso escrevia textos que serviam para desinstalar os indivíduos, fazer com que eles enxergassem a vida além da mesmice, do ódio e da mera contemplação de dias e noites.

Os dois Joões foram plantados dentro da terra no mesmo horário, às 17 horas. As lágrimas dos que ficaram vão continuar regando a lembrança de duas criaturas que fizeram do mundo um lugar menos árido e mais feliz…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia, Conselheiro de Cultura e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]

Deus é confrontador – Marlene de Andrade*“…nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos, porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (2ª Timóteo 3:1-5).

Escutei uma pregação tremendamente confrontadora, pois o pastor deixou claro que Deus confronta e não alisa o coração de ninguém, pois somos pecadores e por isso precisamos ser admoestados constantemente através da Sua Santa Palavra.

Esse pastor também garantiu que algumas pessoas vão às igrejas à busca de prosperidade e riquezas materiais. Em seguida, ele afirmou que o homem é sempre o mesmo desde o início, ou seja, pecador e que o que muda é somente a estratégia, porém no fundo a grande maioria busca vantagens, pois o que querem, é saber o que Deus pode fazer por eles.

Como vemos, o negócio é obter prosperidade, visto que o resto não interessa e sim somente as riquezas materiais. Fiquei pensando: quando morremos só levamos o nosso caixão, no entanto a lei de Gerson continua imperando desde os tempos mais  remotos, isto é,  em tudo queremos somente obter vantagens.

As Palavras de Jesus muitas vezes são duras e confrontadora, porém nós, seres humanos, não gostamos de ser confrontados, a não ser que sejamos convertidos a Jesus, o qual faz crescer em nós o Fruto do Espírito, o qual é: ”… amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança.” (Gálatas: 5:22). E haja tempo para esse fruto crescer em nós, resistiu muito, pois somos movidos pelo pecado.

Em seguida o pastor citou Santo Agostinho, o qual revelou em suas confissões que Jesus tinha ferido seu coração e que por isso ele o amou. Que entendimento tinha Agostinho! O que queremos? Um evangelho água com açúcar ou o que confronta e cura as feridas? Vejamos o que nos diz Jó a este respeito: “Deus abre a ferida, mas Ele mesmo a trata; Ele fere, mas com suas próprias mãos cura.” (Jó 5:18).

Como vemos Deus não alisa a ferida, mas ao contrário Ele a abre, a trata e a cura. E as multidões que seguiam a Jesus? Elas? Só queriam as bênçãos e não o Jesus da bênção. Vejamos o que a Palavra nos diz a este respeito: “…, buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua Justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:3).

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT

Onde estão os livros? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros.” (Bill Gates)A situação anda realmente preocupante em relação à educação. E não podemos ficar pondo a culpa nos computadores e celulares. O problema está no despreparo do ser humano para o progresso. E se estamos despreparados é porque não nos prepararam. Claro. Mas o mais preocupante é que não estamos preparando a sociedade em formação para o futuro. E se é assim que futuro esperamos e queremos para nossos descendentes? Ainda não prendemos o criminoso que praticou quinze vezes o mesmo crime, porque a lei de mil novecentos e quarenta diz que não foi crime.

Que livro seu filho está lendo? Ou ele fica o dia todo ligado ao celular? Ou você pensa que vai resolver um problema que está se formando, apenas implicando com seu filho por ele ficar ao celular? Por que não lhe dá um bom livro para ele ler? E por que você também não lê como exemplo para seu filho? E qual seria o bom livro para ele? Sei lá. Só ele pode dizer. E é aí que se inicia outro problema. E só o resolveremos quando acordarmos para a diferença entre orientar e dirigir. Seu filho jamais se entusiasmará por um livro indicado, se este não estiver de acordo com a evolução dele. E os pensamentos dele, com certeza, serão formados de acordo com a educação que você lhe der dentro de sua casa.

Estamos negligenciando com a importância do livro para nossa educação. E a educação a formamos e alimentamos no dia a dia, independentemente da nossa idade. Porque estamos aprendendo todos os dias para podermos viver o dia de amanhã. Se levarmos em consideração a nossa situação no Brasil, não devemos esquecer que não estamos em condições de acompanhar nosso desenvolvimento, na aceleração do crescimento populacional. Não nos esqueçamos de que a população do Brasil quase triplicou em apenas quarenta anos. E os dirigentes públicos praticamente são os mesmos, com os mesmos pensamentos e atitudes anacrônicos.

Vamos acordar e tentar sair do abismo em que estamos. E tudo vai depender da educação que dermos aos nossos filhos. E não é tarefa fácil. Mas é precisamente por isso que devemos analisar a situação e fazer nossa parte como ela deve ser feita. É uma responsabilidade incomensurável. E precisamos nos preparar para cumprir nosso papel. Nossas mentes estão sendo massacradas por notícias perniciosas que as adoecem. Professores e pais, pensemos na responsabilidade que temos no aprimoramento da sociedade futura. Vamos mudar, melhorando as leis anacrônicas e legisladores despreparados, e os aperfeiçoemos através dos nossos votos. Pense nisso.

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