Opinião

Opiniao 05 06 2018 6325

Lei, doce lei – Walber Aguiar*

“A imbecilidade é um peso a mais que a humanidade carrega…”

Um chocolate sobre a mesa. Uma faxina geral, um gesto furtivo e tudo se configurou num “escandaloso furto”. A grande autoridade, o semideus vestido em togas de retidão e justiça, fez um verdadeiro estardalhaço, um tsunami num copinho de café.

Ora, penso que tudo isso foi causado por uma tentativa de autenticação de vontade pessoal, na expectativa de gerar uma enorme exposição de egos inflados, uma espécie de legitimação da autoridade, daquilo que se impõe de cima pra baixo.

De um lado a “monstruosidade” do crime de “furto qualificado”, um ilícito cometido por uma faxineira terceirizada, um ser humano fragilizado e oprimido pela lógica mecanicista de um sistema selvagem e opressor.

Do outro lado a boçalidade de um profissional psicologicamente desestruturado, inapto para um cargo de tamanha envergadura. Um homem despreparado para viver numa sociedade marcada, estigmatizada pela imperfeição e pelo erro, pelo fato de estar sob a dimensão e realidade da queda. Um homem incapaz do diálogo, da conversa, da compreensão simples, do entendimento fundamental.

Numa terceira via temos a bomba doce, a deliciosa granada ao alcance da mão e do desejo, da compulsão quase irresistível.

Dessa trilogia nasceu a desgraça, o ciúme, a infantilidade, a explosão midiática, o constrangimento, a vergonha, a dor da exposição, o ego inflado e incensado.

Não advogo aqui a subtração do alheio, não defendo a cleptomania ou qualquer tipo de furto. No entanto critico a forma como a coisa foi conduzida, de forma totalmente vil, desumana e insignificante.

Assim, a autoridade deveria tomar uma vassoura, um balde e muita água. Talvez assim, ganhando um salário mínimo e sendo brutalmente hostilizado, o mesmo desceria do pedestal de semideus e faria uma longa e profunda assepsia na alma.

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

Paletó de fogo – Marlene de Andrade*

“Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo” (Is 5.20).

As “igrejas” neopentecostais são as que mais ofendem o Espírito Santo. Elas desprezam Deus quando, por exemplo, afirmam que se o fiel der um mês de seu aluguel ganhará sua casa própria. Tal afirmação não está escrita na Bíblia. Afirmam ainda que possuem o dom de cura, mas não os vejo levantando cadáveres. Ainda há aquelas que dizem que o paletó do pastor é de fogo e tem poder. É tanta baboseira que chega dar indignação, pois virou um comércio.

A igreja de Toronto, Canadá, foi uma das grandes precursoras dessas invencionices e o pior é que tem gente entregando rios de dinheiro para o “pastor”, acreditando nessas doutrinas satânicas. Lá em Toronto, as pessoas dizendo estarem “cheias” do Espírito Santo, passavam a andar de quatro, dentro do culto, imitando animais como cães e lobos. Elas riam bem alto, chamando isso de unção do riso e se contorcendo, entre outras macacadas, tentavam subir nas paredes do templo como se fossem lagartos.

Benny Hinn deu muita corda para esses movimentos em cima da inocência do povo, mas já declarou que foi longe demais. Nessas igrejas eles também falam em “línguas estranhas” e não as idiomáticas, totalmente embaralhadas e confusas. É uma bagunça sem precedentes e pensar que certa “igreja”, aqui em Boa Vista, imitava a igreja de Toronto chega ser uma tragédia cômica.

À medida que fui conhecendo a reforma que Lutero implementou na Igreja Católica, fiquei cada vez mais abismada com as barbáries praticadas nessa denominação como, por exemplo, vender indulgências, as quais afirmavam serem para a salvação. Na Igreja de Cristo ninguém é maior em relação a outro irmão, ninguém determina nada e nem faz previsões e muito menos barganhas em nome de Deus.

Certa vez fiquei sabendo que um pastor americano deu um chute no rosto de uma anciã e ela, obviamente caiu desmaiada, aí sabe o que ele disse? “Ela caiu na unção!”. Já chega de tanta heresia e barbáries contra o nosso Deus!

O Ministério do Espírito Santo liberta os pecadores da morte eterna, ou seja, do inferno e não está atrelado a dinheiro, sendo assim vejamos essa passagem bíblica: “Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” (Atos 8:20). Chega de circo, da deturpação da Palavra de Deus, gritarias e do movimento carismático que deturpa a Bíblia de forma cabal. *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM – Técnica de Segurança no Trabalho – Membro da 1ª Igreja Presbiteriana do Brasil/BV-RR

Devagar sairemos do curral – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Milhões de pessoas ainda compõem a massa humana impensante; escravas das opiniões dos outros, não pensam por si mesmas”. (Waldo Vieira)

Sem essa de ranzinzice. Vamos apenas conversar. Ontem me senti feliz, embora não tenha tido oportunidade de ouvir plenamente o dito. Foi numa entrevista de rua, numa emissora de televisão local. A pergunta era sobre o que se achava do voto facultativo. Liguei o televisor na hora em que a última entrevistada, uma garota, respondia, sem muita convicção, mas com muita maturidade. É isso aí. Vamos chegando devagarinho, mas chegando. O que esperamos dos nossos jovens, quando não lhes ensinamos sobre o que será o mundo em que ele viverá sua maturidade? Talvez tenhamos surpresas agradáveis no futuro. Aquela garota falou exatamente o que esperamos. Que os adultos do futuro pensem mais na hora de votar. Ela disse que, “quando vota está escolhendo alguém que a represente no poder público”. É isso aí.

Nosso futuro vai depender da qualidade dos representantes que escolhemos para nos representar. E é aí que tudo começa. Quando temos essa consciência sabemos de nossa responsabilidade. Sabemos que quando elegemos um palhaço estamos fazendo do nosso poder público um picadeiro. E a partir daí perdemos todo o direito de reclamar ou exigir o que nos seria garantido se tivéssemos sido civilizados. O voto facultativo não pode ser exigido; tem que ser conquistado. E não podemos conquistar para o inferior, um eleitorado superior. É por isso, que na gangorra da política atual, o pensamento de que um povo instru&
iacute;do é difícil de governar, ainda dificulta a implantação da verdadeira democracia. E esta exige uma cidadania democrata. O que ainda não entendemos. E por que ainda não entendemos continuamos marionetes; sem condições de sermos cidadãos.

Quando for votar lembre-se de que você está escolhendo seu representante na casa legislativa ou executiva. Mas seu representante. E este, uma vez eleito passa a ser seu representante e representante dos que votaram tanto quanto dos que não votaram nele. Elegendo-o, você fez parte de uma maioria. Daí a grandiosidade de sua responsabilidade. O que indica que votar é uma responsabilidade. É mais um dever do que uma obrigação. E enquanto votarmos por obrigação, não nos sentiremos cidadãos. Estaremos apenas fazendo o que nos dizem pra fazer e não o que queremos, por direito, fazer. Simples pra dedéu. Lembre-se de que não haverá uma democracia perfeita, enquanto formos obrigados a votar. Democracia com obrigatoriedade é pantomima. Faça sua parte. Pense nisso.

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