Opinião

Opiniao 05 05 2018 6141

Como vencer as crises existenciais? – Antonio de Souza Matos*

De vez em quando, crises batem à nossa porta. Nessas horas, nossa tendência é fugir ou entrar em pânico. No entanto, podemos vencer qualquer crise com a ajuda de Deus. A Bíblia, no capítulo 20 de II Crônicas, nos mostra o que devemos fazer.

Em primeiro lugar, devemos buscar a Deus. Foi isso que fez Josafá, rei de Judá. Não confiou em si mesmo nem pediu ajuda ao Egito para enfrentar o poderoso exército dos amonitas e dos moabitas, que contava com aliados como os edomitas. Agiu assim porque reconhecia que Deus é soberano e que, quando intervém no curso da história, ninguém Lhe pode resistir: “Ah, SENHOR Deus de nossos pais, porventura não és tu Deus nos céus? Não és tu que dominas sobre todos os reinos das nações? Na tua mão há força e potência, e não há quem te possa resistir” (v.6). Além disso, confiava na justiça de Deus, que é imparcial e reta: “Ah! Nosso Deus, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que fazer, porém nossos olhos estão postos em Ti” (v.12).

Em segundo lugar, devemos ouvir os conselhos de Deus. Josafá, em vez de agir de modo precipitado, seguindo impressões e conselhos humanos, esperou a orientação do Senhor. E ela veio de forma clara e específica. Antes disso, porém, Deus pediu que o rei e o povo se acalmassem: “Não temais, nem vos assusteis por causa dessa grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (v.15b). Por que o Senhor fez assim? Porque, enquanto estivessem dominados pelo medo, não conseguiriam ouvir a Sua voz. É interessante notar que, em algumas crises, não precisamos fazer nada para alcançar a vitória – apenas aquietar o coração, caminhar de cabeça erguida e esperar Deus agir por nós. Foi essa a instrução dada a Josafá: “Nesta batalha, não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do SENHOR para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o SENHOR será convosco” (v.17).

Em terceiro lugar, devemos seguir os conselhos de Deus. Por causa dos nossos sentimentos e da influência de outras pessoas, somos tentados a abandonar as instruções do Senhor. Josafá não fez isso. Seguiu, com rigor, o que Deus havia ordenado. Marchou, ele e o pequeno exército, na direção do inimigo louvando a Deus, em vez de empunhar armas. E a vitória foi completa e esmagadora: “E, quando começaram a cantar e a dar louvores, o SENHOR pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os da montanha de Seir [edomitas] que vieram contra Judá, e foram desbaratados” (v.22).

Na hora em que as crises chegam, somos tentados a nos render, achando que não há saída. Porém, se buscarmos a Deus de todo o coração, ouvirmos e obedecermos a Suas instruções, com fez Josafá, certamente alcançaremos vitória. “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem como os olhos se viu um Deus além de Ti, que trabalha para aquele que nele espera (Isaías 64:4).”

*Professor e revisor de textos. E-mail: [email protected]

Uma nova civilização? – Oscar D’Ambrosio*

O filme ‘Jogador Nº 1’, de Steven Spielberg, traz uma série de questionamentos de grande atualidade. Seguramente não é o melhor filme dele, mas isso não impede que a obra nos obrigue a questionar boa parte do cotidiano que vivenciamos hoje, principalmente as fronteiras entre o real e o imaginário, entendendo este último como um local para se esconder de uma existência da qual queremos fugir.

A obra aponta uma situação assustadoramente próxima de nós. Em 2044, o protagonista, assim como o resto da humanidade, prefere a realidade virtual do jogo OASIS ao mundo real. O criador do game, ao morrer, anuncia que deixará justamente a propriedade de sua maior criação para a primeira pessoa que encontrar o tesouro ali escondido.

Para isso, será necessário entrar no programa para jogar e resolver enigmas que darão acesso a três chaves (Bronze, Jade e Cristal). Repleto de referências da cultura pop, o filme pode ser lido de muitas formas, desde uma simples aventura visual deslumbrante a uma jornada de amadurecimento existencial dos protagonistas e seus ajudantes.

Prefiro ficar com a que entende a obra como um alerta simbólico para a necessidade de preservação das relações e dos contatos que chamamos reais. Existe ao final do filme a sinalização da mensagem de uma limitação do escape para o mundo virtual. Somente assim uma nova civilização poderia ser iniciada. Nela, a capacidade de imaginar e de se relacionar com outras pessoas assumem papéis preponderantes. Que assim seja! Que essa Força esteja conosco!

*Mestre em Artes Visuais, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura

Brasil brasileiro – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Brasil, esse colosso imenso; gigante de coração de ouro e músculos de aço; que apoia os pés na região Antártica e que aquece a cabeleira na fogueira dos trópicos. Colosso que se estendesse mais um pouco os braços, iria buscar as neves dos Andes, para com elas brincar nas praias do Atlântico”.

Não sei quem é o autor deste texto, porque o decorei numa escola de datilografia, nos anos cinquentas. Faz tempo pra dedéu. Mas ele representa exatamente o que é o Brasil de todos nós. Somos realmente, enquanto Brasil, um colosso imenso, de todas as diversidades. Acho que é por isso que adoro me enlevar com as simplicidades que fazem do brasileiro um povo adorável. E quando pensei nisso, pensei no Maxuíba. Olha aí, Plínio Vicente… lembrei-me dele! Maxuíba era uma espécie de vaqueiro que trabalhava pro meu pai, quando eu era criança. Puxa, como eu admirava aquele cara, sem saber que o admirava. Nunca, em todos esses longos anos de vivência, consegui me esquecer daquele dia em que fraturei um braço, numa queda de um cavalo. Veja bem… não éramos fazendeiros, mas tínhamos um terreno onde vivíamos como se fosse uma fazenda. E o Maxuíba era o cara. Ele tomava conta de tudo, inclusive sentia-se obrigado a cuidar da garotada da família, que não era pequena.

Sempre fui um garoto terrivelmente arteiro. Estava sempre pintando o sete. Naquela manhã, juntei-me com outros travessos de minha idade: mais ou menos oito anos. Fomos correr num cavalo
sem sela. O Maxuíba percebeu e foi até nossa casa e falou pra minha mãe:

– Sinhá dono Vitalina… o minino sinhô Afonso tá muntando um cavalo sem sela. É pirigoso…

Minha mãe correu, mas já era tarde. Eu já vinha com uma fratura no braço esquerdo. Por isso não apanhei. E o pior é que o Maxuíba ficou um tempão sem me cumprimentar, constrangido por ter me dedo-durado.

Na verdade não me lembrei do Maxuíba, ontem. Lembro-me dele sempre que vejo meu amigo Élio. Élio usa sempre, e sempre mesmo, o mesmo tipo de chapéu de couro que usava o Maxuíba. Os dois têm o mesmo hábito de não tirar o chapéu da cabeça nem mesmo durante a missa. Semana passada, a convite do Élio, fui com a dona Salete à festa de aniversário dele. Foi uma das festas de aniversário mais agradáveis a que já participei. Uma decoração eminentemente rural, e de uma qualidade que engrandeceu o bom gosto da sua família. Tenho uma foto minha, com ele de chapéu de couro ao lado da dona Salete. Você precisava ver. Parabéns Élio. É um cara tão legal que o nome dele é assim mesmo: ÉLIO. Cultive suas amizades no que elas têm de mais simples e sincero. Pense nisso.

*[email protected]