Opinião

Opiniao 05 04 2018 5953

 Dr. Wilson Franco: uma vida dedicada à saúde!

Flamarion Portela*

 

Ele nasceu no mês em que terminou a 2ª Guerra Mundial, mais precisamente no dia 16 de setembro de 1945, no longínquo Município de Uiramutã-RR, na comunidade Água Fria. Filho do casal Manoel Luís de Medeiros Rodrigues e Iris Franco Rodrigues, o menino Wilson Franco Rodrigues desde pequeno já sonhava em ser médico.

Ainda jovem, veio para Boa Vista, onde concluiu os estudos secundários no GEC (Ginásio Euclides da Cunha). Dali partiu em busca de seu sonho de menino na cidade de Belém do Pará. Mas, foi em Manaus-AM, onde se formou em Medicina na UFAM (Universidade Federal do Amazonas), em 1976, com especialização em Ginecologia e Obstetrícia.

No ano seguinte, já voltou à sua terra natal, onde começou sua trajetória como médico, exercendo o cargo de coordenador do programa materno-infantil, na Maternidade de Boa Vista, onde também exerceu diversos outros cargos, chegando a ser diretor geral da unidade.

Foram diversos cargos públicos, tanto na esfera estadual quanto na municipal, além de representações no Sindicato dos Médicos e no CRM-RR (Conselho Regional de Medicina de Roraima), onde foi presidente.

O Dr. Wilson Franco teve uma trajetória belíssima na história da Medicina em Roraima, com grande destaque para o seu senso de humanidade com o qual tratava seus pacientes, bem como pela preocupação com a aplicação dos recursos destinados à Saúde.

Certa vez, numa entrevista ao jornal Folha de Boa Vista, ele destacou que “O médico deve exercer a sua profissão também defendendo os recursos direcionados à saúde”. Na mesma entrevista, faz um pedido em tom de alerta: “Que não falte medicamentos naqueles momentos mais dolorosos do paciente”.

Sua bela trajetória chegou ao fim no dia 6 de fevereiro de 2016. Mas, seu nome será para sempre eternizado para todas as gerações, na memória do nosso povo.

A governadora Suely Campos homenageou o médico dando seu nome ao Hospital das Clínicas, a mais nova unidade de saúde estadual, que foi inaugurada no último dia 24 de março.

É um reconhecimento por todo o legado e dedicação ao seu trabalho e luta pelos direitos dos pacientes e também de sua categoria.

No ano passado, já havia sido homenageado pela Câmara Municipal de Boa Vista com a denominação da antiga Rua CC-14, no Conjunto Cidadão, no bairro Laura Moreira, com o seu nome.

O Dr. Wilson Franco Rodrigues era casado com a senhora Dijane de Brito Rodrigues, com quem teve cinco filhos: Roni, Ronaldo, Rosana, Renato Franco de Brito Rodrigues e Danielle Paula de Brito.

Registro aqui todo o meu apreço e admiração por esse grande profissional da Medicina, filho de Roraima, que tanto honrou seu trabalho e respeitou aqueles que precisaram dos seus serviços.

  

*Ex-governador de Roraima

 

 

Um estado invadido

 Ângela Portela*

 

Embora tardiamente, o governo Temer enfim reagiu à invasão de nosso território por refugiados venezuelanos, particularmente em Roraima. A questão tornou-se tão grave que extrapola as fronteiras do Estado, tornando-se um desafio de dimensão nacional.

Uma delegação de ministros, em primeiro lugar, e o próprio Presidente da República, mais tarde, estiveram em Roraima para disseminar a ideia de que estavam preocupados com a grave crise.

À parte o happening político, puderam constatar os problemas que temos denunciado, como a proporção de migrantes, que já supera os 10% da população da capital, Boa Vista. É evidente que o Estado não dispõe de infraestrutura suficiente para fazer frente a essa brutal e inesperada demanda.

O Presidente da República anunciou depois um pacote de medidas com as quais pretende enfrentar a crise. Parte delas já foi proposta por nós, como a possibilidade de aproveitar as capacidades de trabalho dos migrantes, muitos dos quais têm escolaridade acima da média.

Esse pacote, porém, só deixou dúvidas. Em primeiro lugar, nada há de preciso nas medidas mais importantes. Não se sabe sequer o volume de recursos envolvidos, recursos indispensáveis para um estado extenuado financeiramente pelo desafio que enfrenta.

Em segundo lugar, criou dúvidas a respeito de seus reais desígnios. Não se sabe até agora se o governo pretende realmente ajudar Roraima e o Brasil a enfrentar essas dificuldades, ou se pretende apenas, ao decretar emergência social, abrir portas para contratos sem licitação.

A responsabilidade fundamental é do Governo Federal. O inciso I do artigo 21 da Constituição diz que compete à União manter relações com estados estrangeiros e participar de organizações internacionais. O inciso XXII do mesmo artigo estabelece como competência privativa executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. Também é de competência exclusiva da União planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas.

Pelo artigo 22, apenas a União pode legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros. Impõe-se, portanto, que se tomem medidas urgentes, destinadas não apenas a socorrer Roraima, mas a equilibrar uma questão que desafia todo o Brasil.

Essa necessidade tornou-se dramática no que se refere a abrigo e atendimento emergencial aos imigrantes, inclusive sob a forma de tendas e acampamentos, com infraestrutura básica. Isso já ocorreu em episódios recentes, como no Acre. Trata-se de solução paliativa, embora indispensável, e não dispensa a adoção de medidas de caráter permanente, mais tarde.

Enfim, precisa-se desenvolver uma política de amparo no que se refere ao aproveitamento do potencial econômico dos migrantes, como planejamento e execução de planos para sua transferência a outras áreas do País e acesso a emprego e renda. Só o Governo Federal tem instrumentos para enfrentar essa situação e é absolutamente necessário que o faça com o empenho e a firmeza que até agora n&
atilde;o demonstrou.

 

*Senadora pelo PDT de Roraima 

 

 

As veredas da vida

 Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A virtude do homem deve ser avaliada não pelo que ele faz de extraordinário, mas pelo que ele faz de comum”. (Pascal)

 

Observe que as pessoas mais simples chamam mais atenção do que os fanfarrões. Os espalhafatosos até podem chamar mais atenção, mas por um determinado período. Logo o encantamento vai tomando forma de chatice e as falas vão se tornando vãs. E é deles que normalmente surgem os críticos de meia-tigela. Mas não vamos perder tempo com eles. Vamos caminhar por veredas mais viáveis que nos conduzam às transformações. Transformar é nossa tarefa. Chegamos por aqui, nesta Terra em desenvolvimento, há vinte e uma eternidades. De lá para cá temos evoluído muito lentamente. Ainda estamos longe de voltar ao nosso mundo. Mesmo quando somos considerados salvadores, santo milagroso ou coisas tais, ainda estamos no caminho que não é mais do que uma vereda. E que como tal, exige muita firmeza no desenvolvimento mental, intelectual, espiritual e sobre tudo, racional.

O prazo de validade de nossa embalagem rotulada de corpo físico é, segundo estudiosos, de cento e cinquenta anos. O que ninguém consegue alcançar. E isso porque ninguém consegue viver. Ainda não aprendemos na caminhada mais longa do planeta, a acompanhar o desenvolvimento lento e cansativo do universo. Ainda não nos tocamos para as transformações vividas no dia a dia. Ainda apensamos que a natureza é perfeita, quando na verdade ela vive um processo de transformação constante, para que se integre ao universo racional. E só aí estaremos aptos para nosso regresso ao nosso lar, onde não há unidade de tempo. É quando não necessitaremos mais de nossa velha e carcomida embalagem. Mas temos que estar atentos para as transformações, para que nos transformemos no que realmente somos e não sabemos que somos.

Lembrei-me de tudo isso, num olhar simples, para uma fotografia simples, singela e indicadora. Recebi semana passada, via e-mail, uma foto do meu pai feita no início da década dos cinquentas. Um homem alto, forte, sempre de cara amarrada, em pé, vestindo um terno preto, gravata listada, sapatos pretos e as mãos cruzadas diante do corpo, e segurando o chapéu. Aquela figura chamou-me a atenção, sabe por quê? Ele estava naquela posição, contemplando o mar numa praia de Santos, em São Paulo. Você faria isso hoje? Ninguém faria, nem ele, devido às transformações havidas e vividas no comportamento humano, nessas seis décadas. Coisas simples que nos levam a refletir sobre o que ainda temos a fazer para mudar no que devemos mudar. Pense nisso.

 

*Articulista

[email protected]

99121-1460

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