Opinião

Opiniao 04 05 2018 6134

O mundo é FÍGITAL – Ronaldo Mota*

O termo Fígital, junção das palavras físico com digital (em inglês, “Phygital”), foi originalmente utilizado em marketing para descrever as experiências dos usuários em ambientes de vendas híbridos, simultaneamente físicos e digitais. Hoje, o uso do termo transcende o significado inicial e pode ser aplicado ao conjunto de oportunidades vivenciadas nas quais não são claros os limites e as distinções entre aquilo que chamamos classicamente de real ou físico e aquilo que associamos ao virtual ou digital.

A título de ilustração, Realidade Mista é um exemplo mais recente desse tipo de percepção fígital, combinando experiências virtuais e aumentadas. Realidade Virtual, também conhecida como híbrida ou hiper-realidade, complementa o mundo físico do usuário com um mundo virtual, produzido digitalmente. Neste caso, é exigido que algum dispositivo seja utilizado pelo usuário, gerando um ambiente novo, tridimensional e interativo. Por sua vez, Realidade Aumentada sobrepõe o mundo físico com elementos digitais adicionais, ainda que sem a possibilidade de interação direta com eles.

Ela atua como uma ponte entre os mundos físicos e digitais, inserindo elementos (informações ou objetos) virtuais à realidade física, ou seja, ao mundo original do usuário. Finalmente, a Realidade Mista combina os aspectos da Realidade Aumentada com a Realidade Virtual, sendo uma junção das duas e permitindo ancorar objetos virtuais em pontos do espaço real, tornando possível manipulá-los.

Tais novas realidades, especialmente a Realidade Mista, apresentam aplicações e possibilidades ilimitadas. São experiências visuais e sensoriais imersivas que permitem tanto aproximar o público comprador para testar, com níveis de detalhamentos sem precedentes, produtos do varejo, do setor imobiliário ou de entretenimento, bem como podem ser extremamente úteis em delicadas cirurgias ou outros procedimentos médicos.

Outro exemplo interessante de Fígital ocorre no filme Star Wars, no episódio “Rogue One”, produzido em 2016. Um dos atores do filme, Peter Cushing, falecido 22 anos antes, participa sem que os espectadores sejam informados ou percebam. Se é possível que um dos atores não esteja mais vivo, é igualmente razoável termos uma película onde todos os atores e atrizes sejam já falecidos. No limite, via plataformas digitais inteligentes, associadas ao uso de dados em grande escala disponíveis de pessoas já falecidas, é possível, em tese, viabilizar experiências inimagináveis entre vivos e mortos, integrando interativamente o físico e o virtual. Adentramos o mundo fígital, onde as barreiras entre os espaços analógicos/presenciais e digitais/virtuais são rompidas. Um universo de novas aplicações se torna evidente e promissor.

Em particular, na área da educação, as separações vigentes entre modalidades e aulas presenciais ou a distância desparecem quase por completo. As aulas podem ser holograficamente simuladas, permitindo todas as formas de interação e socialização entre os atores envolvidos no processo educacional. Onde o docente se encontra fisicamente fará menos diferença para efeito da experiência de aprendizagem vivenciada pelos seus educados e a aprendizagem pode ser altamente favorecida. Mesmo assim, não há, e nem precisa ter, a pretensão de substituir por completo as interações humanas desprovidas de dispositivos.

Qualquer que seja o contexto que se avizinha, os desafios, os espantos e as oportunidades estarão presentes. A opção de desprezar ou minimizar a relevância dessas novas possibilidades representa, especialmente aos mais jovens, um risco enorme de exclusão pessoal e profissional sem precedentes. A melhor forma de naturalizarmos ao máximo essas novas tecnologias é criando mecanismos que permitam que todos, sem exceção, delas se apropriem de forma crítica e ética, ao mesmo tempo que, por causa delas, permaneçam ativos, produtivos e criativos.

*Chanceler Estácio

SOBRE A SINCERIDADE – José João Neves Barbosa Vicente*

Ser sincero é dever natural de cada ser humano; desviar dessa grande virtude significa alterar a si próprio e viver sob disfarce. Ser sincero é, portanto, manter-se sem alteração e repugnar as máscaras. No indivíduo sincero, discurso e ação sempre coincidem e não há desacordo entre sua conduta e suas palavras; sem qualquer disfarce, ele se mostra sempre tal como ele é. Cultivar a sinceridade incessantemente é manter-se, portanto, sempre como ser humano e proteger-se sem alteração. A sinceridade não desfigura o homem, apenas o fortalece como tal e o mantém sempre como ele é; por outro lado, o disfarce o degrada profundamente em todos os seus aspectos.

O sincero não disfarça para agradar o outro porque nele não há espaço para esse tipo de atitude; sua ação não tem o propósito de agradar este ou aquele indivíduo, mas sim fazer ou dizer o que é. A sinceridade conduz o indivíduo a agir sempre como ele é, mesmo em relação aos seus sentimentos mais profundos. O homem sincero é fiel à sua essência e age sempre de forma autêntica e transparente, ele não é um ser fragmentado e nem se abre à corrupção. Ele não apenas está longe ou distante daqueles que agem por meio de máscaras ou disfarces, mas também tem uma repulsa radical a esses tipos de artifícios. *Professor/UFRB

O finito do infinito – Afonso Rodrigues de Oliveira

“O universo inteiro é uma expressão matemática e harmoniosa, constituída por representações finitas do infinito”. (Fritz Kunz)

Não sei por que somos inclinados a limites. Estamos sempre preocupados em saber quais os limites. Raramente imaginamos coisas que levem ao infinito. Nossa preocupação está em até onde podemos ir. Já imaginou a velocidade com que você está se movendo a esta hora, no universo? Procure pensar nisso. Os entendidos dizem, e eu assino embaixo, que a Terra se desloca em volta do Sol, a uma velocidade de 107.240 quilômetros por hora. Mesmo assim ela ainda leva 365 dias para completar sua volta em volta do Sol. Que é precisamente isso que acontece no dia do seu aniversário.

Isto é, no dia do seu aniversário você acaba de completar uma volta em volta do Sol. E você nem percebe a grandeza do momento que você está vivendo. E ainda fica aborrecido quando sua mulher não lhe dá um presente à altura do que você pe
nsa e acha que merece. Corta essa, cara.

O momento mais importante de nossa vida é o momento que vivemos. Cada momento de nossa vida tem uma importância muito grande para nós. É só sabermos valorizar o que temos e o que somos. E só. Nunca se contente com o que tem. Mas nunca despreze o que tem. Quando sabemos o que somos estamos sempre a fim de ser mais. E só sabemos o que somos quando conhecemos nosso processo evolutivo. Ficar satisfeito com o atual é ignorar o futuro. Mesmo quando pensamos que estamos fixos com os pés no chão, estamos girando no espaço a uma velocidade quase inacreditável. E nem percebemos porque não sabemos.

Se não me falha a memória, foi em mil novecentos e vinte, que o Gibran Khalil Gibran escreveu, no dia em que ele completava vinte e seis anos de idade: “Estou completando hoje, a vigésima sexta volta em volta do Sol”. Já imaginou a felicidade que ele sentiu naquele dia? Vivemos num universo pequeno que é apenas uma pequena parte do Universo. E por isso ainda não acordamos para nossa grandeza. Ainda não chegamos ao estágio de amadurecimento racional. Ainda não percebemos que um foco de luz acesa na Terra leva um segundo para atingir a Lua; mas nosso pensamento não necessita, nem mesmo, de uns milésimos de segundo para chegar até lá. E que é por isso que devemos dar mais importância aos nossos pensamentos. É neles que dirigimos nossas vidas. Somos o que pensamos. Os grandes pensadores já falaram isso há milênios. Quando nos limitamos ao finito não somos capazes de ir ao infinito. E o Universo é infinito. Não nos limitemos ao finito do pequeno universo onde vivemos. Pense nisso.

*[email protected]

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