Opinião

Opiniao 02 09 2017 4703

Xenofobia em Boa Vista, o que significa?

Profa. Dra. Gioconda Santos e Souza Martinez*Maria Beatriz Souza Martinez** A Chanceler alemã Ângela Merkel discursando em evento do congresso do Partido Popular Europeu (PPE): “Todos os que chegam à Europa para fugir de uma guerra têm de ser tratados de forma humana”.

O Papa Francisco numa janela do Vaticano pede aos países que se esforcem para acolher migrantes e refugiados. E afirma que a situação dos refugiados e da imigração é a maior tragédia humana depois da Segunda Guerra Mundial.

Por que pessoas tão importantes têm se dedicado a essa temática?

No dicionário a xenofobia é descrita como a desconfiança, o temor ou antipatia por pessoas estranhas ao meio daquele que as ajuíza, ou pelo que é incomum ou vem de fora do país. No contexto atual de Roraima o que se tem visto nas redes sociais compreende cada aspecto dessa definição. Em função da crise venezuelana, com a vinda de milhares de homens, mulheres e crianças em suas várias faixas etárias e níveis de formação, Boa Vista se vê a cada dia com a presença mais significativa desses cidadãos nas ruas, nos estabelecimentos, enfim convivendo conosco. Cada um tem sua própria forma de sentir e agir diante de tal situação, cada consciência põe-se a trabalhar de forma própria.

Todavia o mínimo que se deve fazer é recordar, quem acolhia os roraimenses com turismo barato, Caribe próximo, fronteira rica de clima agradável, variedade de produtos e uma série de outros aspectos que atraiam milhares de pessoas desde Santa Elena de Uairen até Isla Margarita, passando por Puerto Ordaz e Ciudad Bolívar? Que país contribuiu para estabilidade do sinal de energia elétrica quando vivíamos em fase de racionamento?Qual vizinho tem contribuído desde sempre com sua cultura e riqueza geográfica? Ou o mais importante de tudo: Que significa para nós cidadãos brasileiros os valores de ajuda humanitária, será que estamos abaixo destes níveis de consciência?

A ajuda humanitária compreende uma resposta a calamidades, normalmente motivada por crises e vem em forma de assistência material, logística, moral, legal e até mesmo espiritual. Estamos mesmo abaixo das condições de ofertar qualquer tipo de ajuda aos nossos vizinhos?

O fato de setores governamentais assinalarem com um tipo ou outro de ação / auxílio não os impede de cumprir com outras políticas para com os habitantes roraimenses. O fato de destinar assistência médica, de moradia e educacional não os exime do cumprimento destes mesmos aspectos para com os roraimenses. Por outro lado, os recursos para essas eventualidades vêm de fontes específicas existentes na Lei Orçamentária Anual do País.

Deixem os governantes das duas esferas municipais e estaduais fazer o trabalho que lhes cabe e sejam mais fraternos, estimulem para que as bancadas estaduais e federais também saiam da inércia. Preocupemo-nos com algo maior.*Engenheira Civil, [email protected]*Graduada em Relações Internacionais

Primeiro artigo de opinião – Ranior Almeida Viana*Há três anos e três meses tinha a satisfação em ter meu primeiro texto publicado neste espaço com o título: ‘Malha fina do Saber’ página 3, da Edição 7247, de 15 de maio de 2014.

Confesso que não foi tão prazeroso em escrever aquele texto, devido na época eu ter que tomar uma decisão de escolha a um dos cursos eu fazia simultaneamente, um era na Universidade Federal de Roraima (Bacharelado em Ciências Sociais) e outro era na Universidade Estadual de Roraima (Licenciatura em Sociologia).

Com isso, quis mostrar minha tamanha indignação com a Lei Nº 12.089, de 11 de novembro de 2009. Ela tem por objetivo a proibição de um aluno cursar dois cursos de ensino superior em instituições públicas. E no texto indagava se a lei “atende os reais interesse da sociedade brasileira?”. Até hoje acho que em nada atende os interesses da sociedade.

Convenhamos que, se soubesse da existência desta lei, jamais iria procurar burlá-la, mas vi algumas pessoas fazerem malabarismo (esforço) e conseguir concluir suas graduações simultaneamente nas duas instituições públicas. Na época levantaram pelo menos 80 nomes que tinha vínculo com as duas instituições, no caso fomos notificados e tínhamos o prazo de cinco dias para cancelar uma das matrículas ou caso contrário seria cancelada a mais recente.

Dessa forma cancelei minha matrícula na UFRR que era de 2011, optei pelo curso da UERR que era o mais recente de 2012. Acredito que fiz a escolha certa, pois o curso que concluí ano passado (26/09/2016), foi extinto (tomara que seja apenas momentaneamente), fazendo com que a última turma fosse aquela ingressante em 2012.2.

Após isso, fiz novamente o vestibular e passei na UFRR, dessa forma reingressei ao curso que iniciei em 2011, tinha em mente concluir o que havia começado lá atrás. Praticamente faltavam dois semestres e com um pouco de empenho o interminável parecia estar bem próximo do fim. E hoje posso dizer, eu consegui! Segunda-feira (04/09/2017) é o dia simbólico de mais essa conquista, é o dia de mais uma colação de grau para este que vos fala.

Quis rememorar um pouco desta minha história, para vermos que quando a gente quer, diminuímos distância, fazemos acontecer e lutamos por nossos objetivos.

Por fim, trago o último parágrafo, de conclusão, que é bem atual e realista do primeiro texto aqui mencionado: “[…] seria mais interessante o poder público, nos diversos níveis, preocupar-se em erradicar o analfabetismo e a avaliação e a evasão escolar, assim como outros problemas mais relevantes, do que acabar com o sonho de muitos universitários que apenas querem deter os conhecimentos em diversas aéreas e ter melhor qualificação profissional”.*Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharel em Ciências Sociais – [email protected]

Argumentos mentirosos para privatizar a Eletrobras – Heitor Scalambrini Costa*A palavra privatizar é definido como: “realizar a aquisição ou incorporação de (empresa do setor público) por empresa privada”, “colocar sob o controle de empresa particular a gestão de (bem público)”.

Foi  anunciado  recentemente pelo atual governo golpista (sem voto, sem credibilidade popular) a aceleração do processo de depredação e entrega do patrimônio público com um amplo programa de privatizações, que pretende transferir áreas de mineração e exploração de petróleo e gás (incluindo o pré-sal), usinas e empresas de energia, portos, ferrovias e outros.

Uma das empresas arroladas na privatização é a Eletrobras, a maior companhia do setor de energia elétrica da América Latina, atuando no segmento de geração, transmissão e distribuição, controlando 15 subsidiárias. É uma empresa de participações que tem 50% do capital social da Itaipu Binacional. Além disso, diretamente ou através de subsidiárias, possui participação em mais de 170 Sociedades de Propósito Específico (SPE). Entre 2012 e o primeiro trimestre de 2016 distribuiu a seus acionistas mais de R$ 9 bi de dividendos e juros sobre capital próprio.

A justificativa para a privatização desta empresa é a de melhorar a eficiência, a qualidade e diminuir as tarifas; além de abater a dívida pública. Todavia, experiências recentes, vindas do governo FHC, mostraram que com as privatizações realizadas naquele governo (mesmos personagens que comandaram o processo de privatização na época, o fazem hoje no governo golpista), que a dívida pública só aumentou, as tarifas aumentaram muito acima da inflação e aconteceu o racionamento. Esta foi a consequência direta da privatização de parte importante do setor elétrico (toda distribuição, parte importante da transmissão, e uma pequena parte da geração).

É uma afronta à inteligência de qualquer cidadão/cidadã deste país o discurso do serviçal ministro de minas e energia, que desavergonhadamente mente a nação brasileira sobre os benefícios de privatizar a Eletrobras e outras áreas subordinadas o seu ministério. É crime, lesa-pátria o que este Coelho (pai investigado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro) vem patrocinando, amparado por um governo com total falta de legitimidade, que golpeou a democracia brasileira. Esperamos que em algum momento tivesse a punição devida.

O ministro borbônico age como mero serviçal dos interesses do mercado, do agronegócio, do capital e do sistema financeiro. Totalmente na contramão dos interesses da maioria do povo brasileiro. Um antibrasileiro oriundo do sertão pernambucano, que será lembrado pelo entreguismo dos bens públicos em seu curto mandato (esperamos assim). Triste sina para os  petrolinenses.*Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

Geringonças da fala – Afonso Rodrigues de Oliveira*“O adulto é uma afronta para o inocente” (Rui Barbosa)Histórias, casos e causos são contados. O jornalista Plínio Vicente é testemunha disso. Todos os dias quando passo ali perto o muro do meu vizinho Olímpio, leio uma pichação extraordinária, não mais do que ordinária. O cara escreveu: “Boladão é nóis.” Acho que ele queria dizer, bom ladrão. E mais importante é que o N de nóis está escrito às avessas. É como se estivesse sendo lido pelo retrovisor. Deu pra sacar? Hoje passei por lá, li e sorri. Lembrei-me da dificuldade que encontro sempre que mando, e faz muito tempo, alguma palavra escrita fora de forma, para o jornal. Forma-se o maior angu. Divirto-me pra dedéu, com isso.

Faz muitos anos que mandei a seguinte anedota para o jornal: o professor de Português foi passar as férias no interior de São Paulo. Pela manhã saiu pela cidadezinha e deu de cara com uma alfaiataria. Na placa estava escrito: “Alfaiataria Aguia de Ouro.” Preocupado, o professor dirigiu-se ao proprietário da alfaiataria e fez comentários elogiosos sobre o estabelecimento. Mas precipitou-se e chamou a atenção do proprietário:

– É uma pela que haja um erro de português na sua placa tão bonita. Falta o acento agudo na palavra Aguia.

O alfaiate arregalou os olhos e perguntou:

– Mais qui águia, moço. Isso aí não é águia de ouro, é Aguia de Ouro.

A revisora do jornal julgou que eu tivesse errado e acentuou a Aguia, transformando-a em águia. Sem querer encrenca repeti a piada no dia seguinte e a garota novamente acentuou a aguia. E foi aí que o Plínio Vicente me telefonou:

– Afonso… desiste!!!

A partir daí fiquei receoso de mandar palavras desusadas. Você leu meu título do dia 30? “Quem semonóis”? Deu pra traduzir, quem somos nós?

Você me conhece? Se não, não sabe quem eu sou. Então não cometa o engano de pensar que sou um cara intelectual, culto, sabido. Corta essa. Sou apenas um cara que gosta de brincar, com sinceridade e respeito. E só isso. O negócio é que sempre tive a felicidade de saber viver a vida. E o mais importante é que saibamos viver nossas vidas respeitando a vida da outra pessoa. É assim que as conquistamos no respeito.

Em Natal, no Rio Grande do Norte, temos um grande escritor, com vários livros maravilhosos publicados: é o Geraldo Queiroz. Recentemente ele me enviou um exemplar do seu último lançamento: “Geringonças do Nordeste – A fala Proibida do Povo.” Você sabe o que significa: “Andar com alguém pelo gogó”? “Falar de papo cheio?” já lhe falei aqui do que significa do termo “Aperreado.” São coisas interessantes que não devemos ignorá-las. Pense nisso.*[email protected]