Opinião

Opiniao 01 08 2018 6677

OS ALGORITMOS MILITANTES – Percival Puggina*

Nos últimos meses, escrevi vários artigos tratando da importância das redes sociais para a democratização do direito de opinião. Com o advento da internet, dos blogs e sites, e, por último, das redes sociais, esse direito se expandiu influenciando fortemente a política. Para quem educou a mente a descartar o lixo, assim como em casa se separa o lixo doméstico, houve um descomunal ganho de pluralidade, qualidade e inteligência. O efeito desse fenômeno sobre o esquerdismo dominante nas redações dos principais veículos da mídia tradicional foi arrasador. Sua posição hegemônica entrou em colapso.

Princípios, valores e autores consagrados em outros países, aqui mantidos ocultos, ganharam notoriedade. As árvores do pomar acadêmico foram sacudidas e muitas frutas podres vieram ao chão, em plena sala de aula, derrubadas por alunos que simplesmente foram ler “fora da caixa do professor”. O monopólio da “narrativa” e da “interpretação” exercido pelos que atuavam como fazedores de cabeças simplesmente ruiu.

Enquanto, no mundo real, a inteligência se abastecia, no impenetrável bas-fond das plataformas, os companheiros algoritmos operavam para virar o jogo. O Facebook, por exemplo, declarou-se vocacionado às trivialidades da vida cotidiana, social e familiar. Se você estiver interessado em puppys e kittens, culinária e arranjos de flores, eventos familiares, entre que a casa é sua! Mas se você pretende usar a rede para restituir o Brasil a seu povo, salvando-o dos corruptos, dos coniventes, dos omissos, dos incompetentes e dos vilões, então seus amigos e seguidores ficarão sem saber que você ainda existe. Será sepultado em vida.

A reação iniciou no começo deste ano, multiplicando na mídia tradicional a afirmação de que as redes sociais se haviam tornado uma usina de fakenews. E elas existem, sim! Altas autoridades da República as disseminam quando anunciam investimentos que não se verificam, ou proclamam realizações mágicas como a extinção da miséria e o fim da fome, Acontecem fakenews quando se apresenta Lula ao mundo como um São Thomas More de Garanhuns, condenado apenas porque virtuoso.

Foi para enquadrar ideologicamente esses ataques que escrevi vários artigos apontando, em contrapartida, o problema das fakeanalysis na mídia tradicional, pois são essas mistificações as que mais desencaminham a opinião pública. A elas, com grande vantagem, se opunham tantos bons e sérios autores nas redes sociais.

Enfim, os algoritmos companheiros, ao que tudo indica, estão no comando. Enquanto o mercado não reagir criando novas plataformas, o Ministério Público não intervier, o Congresso não tomar providências (?), os instrumentos da inteligência artificial agirão ocultos, a serviço da conhecida má-fé natural daqueles que os manipulam.

*Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país

A PROSTITUIÇÃO EM RORAIMA – Dolane Patricia*

A prostituição é uma das profissões mais antigas do mundo, sua prática ainda é vista como algo ilícito, mas não chega a ser considerada crime, pelo Código Penal Brasileiro.

Dessa forma, para fugir da crise financeira que assola a Venezuela, várias mulheres de todos os níveis de escolaridade e qualificação profissional vieram para o Brasil, mais especificamente para Roraima. Dezenas de garotas se aglomeram no mercado do sexo, por entender ser uma forma fácil e rápida de ganhar dinheiro sem muito esforço.

Em Boa Vista, capital de Roraima, a zona oeste passou a ter um número muito grande de mulheres que se reúnem como uma espécie de exposição, pelas ruas, casas se show, etc., cobrando cerca de R$ 50,00 por programa. Esse serviço já chegou a custar o dobro do preço, no entanto a grande oferta fez com que os preços diminuíssem. Contudo, o que impressiona, é que o número de prostitutas tem aumentado de forma colossal. Essa prática tem tirado o sossego de algumas famílias que residem nas proximidades da Feira do Passarão.

A Folha de Boa Vista já havia entrevistado uma venezuelana: “A garota confirmou que a péssima condição financeira em seu país a fez procurar novos mercados. A jovem contou que, em Santa Elena, primeira cidade na fronteira do Brasil com a Venezuela, ao norte, o preço do programa bem pago não sai nem a 500 bolívares, o que equivale a menos de R$ 3,00.”

O jornal noticia ainda que a jovem disse que fatura, em média, R$ 1.400,00 por semana, cobrando R$ 50,00 pelo programa completo. A garota atende uma média de quatro clientes por dia. Muitas dessas garotas de programa já chegaram a fazer programa em troca de comida. Muitas outras mulheres, na mesma dificuldade financeira, optam por estudar e ter um trabalho, não tão fácil, mas digno, como diarista, cozinheira, dentre outros.

Dessa forma, várias situações preocupam, no que diz respeito à prostituição em Roraima: As famílias que muitas vezes são desfeitas em razão dessa prática, pois, muitos maridos arriscam seu casamento para se encontrar com mulheres de programa. Outros pontos igualmente relevantes são o tráfico de mulheres e o envolvimento de adolescentes.

O serviço atualmente tem crescido, em razão da procura, a investida aos homens ocorre à luz do dia e para desespero das mães, filhos e demais familiares, além de outras consequências, existe o perigo de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, um risco para os homens que procuram esse tipo de “serviço”.

As famílias ficam sem sair de casa após as dez da noite, reféns do medo. Mulheres e travestis se oferecem em cada esquina como se fosse uma mercadoria pronta para ser vendida.

Destarte, muitos optam pela prostituição, pelo sexo sem compromisso. Com a prostituta, o homem se sente livre para fazer o que deseja no sexo, do jeito e da forma que quiser e quando tiver vontade. O pagamento em dinheiro o livra de qualquer outro tipo de dívida. Não precisa se preocupar com o que a mulher deseja, se está agradando ou correspondendo as suas expectativas. Não há nenhuma cobrança. Se ela tem ou não orgasmo não é problema dele. Não precisa fingir que está apaixonado ou que vai procurá-la novamente, nem precisa pensar numa desculpa quando ela lhe telefonar. (LINS, 2007: 257).

Tal citação chega a ser dolorosa, quando vemos uma prática tão constante num Estado com tantas oportunidades para o trabalho. Mas importa refletir, sobre o papel do homem que busca esses serviços para se livrar de um compromisso.

Importa ressaltar ainda os valores da família que precisam ser resgatados, a família é o maior bem que uma pessoa pode ter, mas, quantos pais de família caem na tentação de ir procurar as chamadas “oitchentas”? Arriscando o casamento, deixando de ser um exemplo para os filhos que precisam tanto ter consagrado em sua mente o verdadeiro valor que uma família tem.

Nesse sentido, muitas mulheres passam a vida se dedicando aos maridos e aos filhos e de repente descobrem que o seu companheiro está tirando o dinheiro da família para pagar prostitutas, tendo a oferta ficado muito mais intensa com a chegada das venezuelanas. Estima-se que exista de 20 a 30 pontos de prostituição de venezuelanas em Roraima.

A prostituição configura a prática do sexo por dinheiro. Assim, muitas mulheres procuram o caminho mais fácil, para o sustento, e outras ainda esperam encontrar ali a felicidade, no entanto, é como diz Divaldo Pereira Franco: “A felicidade é o estado interior que nós logramos pela consciência tranquila, pelo caráter reto e pelo trabalho digno.”

E quanto aos homens? Eu fico com as palavras de Ellen G. White:

“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que não se compram nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o erro pelo seu nome; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.”

*Advogada, juíza arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia. Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Acesse: dolanepatricia.com.br

Surpreendente – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Vocês riem de mim por eu ser diferente. Eu rio de vocês por serem todos iguais.” (Bob Marley)

Já falei pra você que vivi toda minhas, infância e adolescência, no meio político. Desde que comecei a votar, já tive grandes amigos na política. Mas nenhum deles soube em quem eu voto nem por quê. Nem nunca saberá. Aprendei cedo, que o voto é secreto. Vou falar de uma decepção que tive, ontem, num programa de entrevista com um candidato à Presidência da República. Mas minha decepção não foi com o candidato, mas com a emissora e os entrevistadores. Verdadeira e autêntica decepção.

Desde que a TV-Cultura começou a entrevistar os pré-candidatos à Presidência, que assisto ao programa. Meu interesse é cidadão. O que quero é conhecer o projeto, dos candidatos. E por isso é interessante que os entrevistadores sejam competentes. O que não vi ontem. O que ouvi de boboquices nas perguntas, não tá no gibi. O objetivo deveria ser sabermos qual o programa do candidato, caso ele seja eleito. Mas em momento nenhum, ouvimos uma pergunta sobre o futuro mandato, no caso da eleição. As perguntas giraram, todas, sobre a ditadura militar, os crimes cometidos durante a ditadura, e coisas assim.

O programa terminou e não ouvimos nada sobre o programa do candidato. E não por ele ter se omitido, mas porque os entrevistadores não perguntaram. E porque eles desperdiçaram o tempo com perguntas tolas e irritantes. Algumas vezes ouvimos o candidato, já irritado, falar: “Gente…

Isso é coisa do passado. Vamos falar do futuro? Estamos aqui para falar do futuro e não do passado.” Mas não adiantou nada. As perguntas continuaram no rumo da futilidade. Com o que comecei a imaginar se aquilo não seria uma falcatrua planejada. Sei não, mas me pareceu.

Gente… Vamos tomar juízo? Estamos nos aproximando de uma eleição atípica. Nunca, numa eleição, tivemos um período tão curto para a propaganda. A dificuldade que estão encontrando para remendar o retalho é assustador. E só há uma pessoa com capacidade de corrigir isso: é você, eleitor. Mas o tempo é curto e você tem que ser cidadão para entender seu valor nessa luta cívica. O tempo é curto para quem se desgarra dele. Seja você o cidadão, nas próximas eleições, para que tenhamos eleições mais civilizadas, independentemente de o voto ser escrito ou digitado.

Vamos mudar o Brasil para que ele volte a ser o Brasil. E só a Educação poderá nos libertar do anacronismo em que vivemos. E tudo vai depender de nossa parte como cidadãos, nas próximas eleições. Não nos deixemos levar pelo despreparo dos que enchem nossas mentes com tolices. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460