Jessé Souza

O mundo dos zombeteiros 4380

O mundo dos zombeteirosDefinitivamente, o Brasil se firmou como o país do absurdo. Basta ligar a TV para constatar um colapso político e moral, em que roubar os cofres públicos é fonte de intermináveis matérias, as quais não estão mais impactando a opinião pública. Não se trata mais do “rouba, mas faz”, de Paulo Maluf”. Agora é como “rouba, e daí!?”.

Com a infestação de youtubers (jovens que usam canais no You Tube), está surgindo uma geração que não ter opinião formada sobre nada, muito menos sobre política. Essa turma só está interessada em ironizar, em achar motivo para rir em tudo, principalmente na piada pronta na qual se tornou a política.

Com as óbvias exceções, os yotubers que têm feito a cabeça de muitos adolescentes são aqueles que se mostram mais sarcásticos possíveis (alguns chamariam de retardados), transformando a vida num escárnio em que o limite é não se focar na realidade dos fatos, mas encontrar motivos para zoar de tudo e de todos.

Okay, rir é muito bom, inclusive há especialistas que recomendam que o riso trata-se de um bom remédio para se viver melhor. Mas os adolescentes estão sendo empurrados a serem zombeteiros, sem ter limites de diferenciar o que é humor e o que é tripudiar com o outro ou com a realidade que pede reflexão em vez de apenas risos dos zombeteiros.

Sim, é possível tirar um sorriso no meio da reflexão. As minorias podem tirar uma piada entre suas próprias desgraças, mas apenas como um código entre eles como forma de que pode ser extraído um pouco de humor no que se apresenta trágico. Um exemplo ocorreu na década de 1990, no Iraque, quando um grupo de iraquianos acabou fazendo humor sobre bombardeio aéreo e pessoas tentando correr sem deixa para traz os baldes de água. Não há nada de engraçado nisso, mas eles fizeram humor com sua própria desgraça. Porém, não teria graça nenhuma se essa encenação cômica fosse feita por quem não é de lá, por quem não viveu a realidade e usasse a cena como um escárnio puro e simples com os horrores da guerra.

Voltando a nossa realidade, estão fabricando uma geração do riso farto apenas pelo escárnio, sem reflexão a respeito da realidade e dos fatos. Seria como surgir uma geração que acredita mesmo que o Brasil é uma grande piada pronta, e que não haveria solução, portanto, neste sentido, seria bom deixar como está, porque ao menos haveria motivos para zombaria a cada cena de corrupção ou de desgraça do próprio povo.

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