Jessé Souza

Faxina moral 4101

Faxina moralAté aqui, as investigações e condenações referentes à Operação Lava Jato mostram uma raça de político velhaca que se junta a empresários que acumulam suas riquezas por meio das negociatas com recursos públicos. Porém, o que muitos não se atentam é que esses esquemas patrocinados pela corrupção acabam passando aos olhos de órgãos fiscalizadores.

Nem mesmo a Receita Federal consegue enxergar os sinais de enriquecimento ilícito de muitos políticos, que entram puxando a cachorrinha, como se diz no ditado popular, e saem de lá milionários, donos de empresas e de um patrimônio que salta aos olhos da sociedade.

O propinoduto investigado pela Petrobrás mostra a farra que os corruptos fazem com o que eles roubam dos cofres públicos. Porém, de Norte a Sul do país os esquemas montados nos cofres estaduais e municipais servem para enriquecer aqueles que só vivem de política e que montaram seus coronelatos que bancam seus negócios e suas seguidas conduções aos cargos públicos.

E todos esses esquemas acabam prosperando porque desde fiscais de obras aos órgãos fiscalizadores não cumprem com sua missão, que é impedir falcatruas e fazer com que os recursos públicos sejam bem aplicados nas obras e serviços executados pelos governos em todos os níveis.

Em obras de construção de prédios e estradas, por exemplo, há o vício de prosperar o esquema de se pedir aditivos, que nada mais é do que a garantia de conseguir mais recursos públicos para alimentar a corrupção. Quanto mais aditivo, mais certeza de que o dinheiro público está indo parar no bolso de alguém.

Esse esquema só é possível porque há alguém atestando essas obras, a exemplo de fiscais e de outros servidores que acabam acobertando a bandalheira. Além disso, o papel de fiscalizar também compete aos legisladores, conselheiros do Tribunal de Contas e até mesmo o Ministério Público, órgãos que acabam permitindo que a bandalheira se instale e prospere.

É por isso que o país está nesse lamaçal, pois a sociedade habituou-se a aceitar que o jeitinho brasileiro seja a porta de entrada para que a corrupção se torne endêmico. Não é só o político lá em cima que surrupia dos cofres públicos e fica milionário. Aqui em baixo, na base da estrutura, o cidadão acaba permitindo que sua desonestidade alimente essa índole de um sujeito que não perde tempo em levar vantagem em tudo e também acabe vendendo seu voto por aqueles políticos que mantém a grande estrutura da corrupção.

Afinal, político ladrão só se mantém no poder porque existe um eleitor venal. Então, só vamos mudar isso quando houver uma faxina moral também no cidadão, ampla e irrestrita. *[email protected]: www.roraimadefato.com