Jessé Souza

Diferenca e um detalhe 4302

Diferença e um detalhe Obviamente que o brasileiro está enojado com o desenrolar da política e as graves acusações contra o presidente Michel Temer (PMDB), enrolado para se explicar diante das gravações que apontam no mínimo corrupção passiva e obstrução da Justiça. Mas por que não está havendo uma grande mobilização para que esse bando que comanda o país saia do poder?

Há uma diferença muito grande entre o calvário da então presidente Dilma Rousseff (PT), que acabou sacada do poder por causa de “pedaladas fiscais”, e a agonia de Temer, sem condições morais de conduzir o país e muito menos as reformas que retiram direitos do povo.

No caso de Dilma, não foi a ida do povo às ruas, incentivado pela mídia e pelos empresários insatisfeitos com a condução da economia naquele momento, inclusive patrocinando mobilizações com o patinho amarelo. O povo de verde-amarelo foi apenas um dos instrumentos utilizado para o impeachment.

Na verdade, foi a Câmara que já vinha minando o governo de Dilma muito antes de Cunha ter aceitado o pedido de impeachment. E deu o golpe fatal naquela sessão de 17 de abril de 2016, numa das piores cenas televisivas transmitidas ao vivo, em que os deputados federais foram, um a um, dizer ao microfone que estavam votando sim “por Deus e pela família”.

Com Temer é diferente. Quem quer vê-lo fora do poder é o povo, desta vez sem a manipulação da mídia, sem o patrocínio dos empresários e muito menos sem apoio do Congresso, que na verdade está propenso a fazer de tudo para não só mantê-lo no poder como também minar a Operação Lava Jato para livrar os demais corruptos da prisão.

A situação é tão óbvia que Temer não está preocupado com sua popularidade, pois ele é apontado como “um homem da Câmara”, e decidiu minar as forças da Polícia Federal, que ficou sem dinheiro até para imprimir passaportes e foi obrigada a reduzir gastos com as investigações.

Nem os movimentos contra a corrupção agem mais, pois estava muito evidente que a preocupação deles era apenas com a corrupção do PT, revelando aquele ranço antipetismo que vem sendo pregado até hoje nas redes sociais, mas nunca contra a corrupção dos políticos em geral.

Isso significa que o povo torna-se apenas um detalhe de acordo com os interesses de quem está no poder. O Congresso, os empresários, a mídia, os movimentos de direita e até ministros do Supremo não querem impeachment. Logo, se o povo não se mobilizar nas suas cidades, mostrando que está de olho nos parlamentares em Brasília, os quais vão precisar de votos em 2018, eles vão livrar Temer e toda sua corja.*[email protected]: www.roraimadefato.com/main