Jessé Souza

Areia e politica 4245

Areia e políticaO filme brasileiro “Casa de Areia”, com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, ajuda a refletir um pouco sobre o que passamos neste momento na política brasileira no que se refere a buscar por mudanças que parecem instransponíveis. Claro que o filme não fala de política nem de corrupção, mas de uma mulher grávida, na companhia de sua mãe já idosa, que fica viúva em um lugar inóspito, longe da civilização.

A mulher tenta ir embora a qualquer custo em busca da civilização e melhores condições de vida, mas não consegue devido às circunstâncias do lugar, em meio às dunas de areia, e por não haver qualquer cidade por perto. O filme vai se desenrolando em torno desse sonho de deixar aquele local.

Em determinado momento, morre a mãe dela, a mulher chega à terceira idade e a filha fica finalmente adulta. Já conformada com aquela vida monótona e cheia de dificuldades, esse sonho de ir embora acaba sendo transferido para a filha – esta, sim, consegue ir embora, realizando o sonho de uma vida diferente e consegue vencer na vida.

A analogia desse filme com o momento político é que essa faxina moral pela qual tanto sonhamos não se dará de um dia para o outro. Quem sabe, irá passar por gerações para que o Brasil seja desratizado. Quem sabe nós, os pais de hoje, ainda nem cheguemos a ver em vida a corrupção ser exceção, e não regra na política. Quem sabe esse sonho seja transferido para os nossos filhos.

Assim como no filme “Casa de Areia”, é necessário que não matemos o sonho da transformação, sempre acreditando que haverá uma solução lá na frente, nem que este sonho passe a ser de nossos filhos, transferido para as gerações futuras. Vamos passar por um teste em 2018, quando iremos às urnas sabendo de toda bandalheira escancarada pela Operação Lava Jato.

O momento é tão conturbado que ainda não fazemos nem ideia em quem acreditar, mas o sabor amargo que vem de Brasília faz parte desse processo de mudança. Podemos errar de novo em 2018, mas saberemos que não se freia a corrupção endêmica somente através de uma eleição ou de uma circunstância.

É necessário que as instituições sérias desse país continuem a passar o país a limpo, pois não haverá moralização sem que os corruptos sejam punidos e os recursos desviados devolvidos. Também é necessário que os cidadãos de bem não desistam desse sonho e o persigam a cada geração. Não há transformação na política sem que haja sofrimentos. E não podemos perder a esperança, pois é tudo o que os maus políticos querem.*[email protected]: www.roraimadefato.com/main